23.09.2011

VILAS CONCEPTUAIS - PARTE III

1.            PRINCÍPIOS

Os princípios que norteiam o projeto - como sugestão e, não como imposição, são:

1.1          Internacionalidade: As vilas conceptuais têm caráter internacional. São baseadas na troca de informações, na troca de experiências. Quanto mais diversidade, melhor. Adaptam-se às regras dos seus respectivos países e promovem o intercâmbio entre seus membros. Buscamos o estreitamento de relações com outras entidades e programas tais como REACH, COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES, Projeto TITAM - Transferência de Inovação Tecnológica na Autoconstrução de Moradias –GREENPEACE, sustentech, caixa econômica federal (selo Casa Azul). Todos os empreendimentos imobiliários das VC buscam certificações.

1.2          Cooperação: Enquanto detentora de personalidade jurídica e com relação aos bens produzidos na Vila Conceptual, propomos uma forma diferente de produzir dentro da sistemática cooperativa. Nesse caso os moradores são ao mesmo tempo sócios, donos, funcionários e usuários. Lembrando que não é uma imposição e sim uma recomendação.

“Se você quer transformação, deve engajar os fazedores que estão na base” (GOVINDARAJAN; VIJAY, 2009)

 

1.3          Sustentabilidade: O Princípio da Sustentabilidade defende que a satisfação das necessidades das gerações atuais não deve comprometer a das gerações vindouras. As Vilas Conceptuais assumem o compromisso de contra balancear o déficit ambiental e o déficit sócio-econômico gerados por ela. O desafio é, na verdade, a busca de um equilíbrio entre proteção ambiental, justiça social e viabilidade econômica.

“Desembaralhe o futuro. Se você quer achar sentido no futuro, olhe para trás – olhe para trás duas vezes mais do que olha para frente” – (SAFFO;PAUL, 2010)

 

1.4          Profilaxia por meios naturais: Fitoterapia, prática desportiva, medicina preventiva, busca da longevidade. As VC´s estimulam a alimentação saudável, a periodicidade de exames laboratoriais, o uso racional e controlado de remédios e a pesquisa científica na área farmacológica como forma de alcance do desenvolvimento e melhoria das condições orgânicas.

Expulsai o natural e ele voltará a galope." – (DESTOUCHES; PHILIPPE, ator francês, 160-1754")

1.5          Conforto: As Vilas Conceptuais primam pelo emprego da estética, da funcionalidade e do conforto em suas obras. A sustentabilidade tem sido vinculada como sinônimo de sacrifício. É claro que os esforços fazem parte de toda e qualquer mudança de atitude, entretanto, as VC´s primam pela busca constante do conforto, do bem estar, da qualidade de vida.

"O bem-estar na vida obtém-se com o aperfeiçoamento da convivência entre os homens."

(MAIMÔNIDES; MOISÉS)

 

1.6          Segurança: As Vilas Conceptuais devem avaliar o contexto regional em que cada uma delas deseja se instalar. A instalação de circuitos de TV nas principais ruas visa combater práticas criminosas e também servem como prática de monitoramento e divulgação das suas atividades. Além disso, sugerimos o emprego de técnicas de combate à criminalidade através da estruturação urbana e arquitetônica, a chamada “arquitetura contra o crime”. Assim, se analisamos as características ambientais dos locais onde os delitos ocorrem podemos inferir quais são tais características e eliminá-las ainda na fase do projeto, prevenindo uma infinidade de problemas que este espaço poderia provocar no futuro, por não levar em conta tal aspecto. É esta a idéia básica da Prevenção do Crime Através da Arquitetura Ambiental ou simplesmente Arquitetura Contra o Crime  (AMARO: 2006). O espaço urbano das cidades, seja público ou privado, freqüentemente apresenta algumas características que podem facilitar ou induzir à prática de delitos.

"Quanto à sensação de segurança perante os homens, o poder e o domínio são bens dados pela natureza, a partir dos quais podemos proporcionar-nos segurança." (EPICURO)

 

1.7          Autoconstrução: A Vila Conceptual sugere que seus membros utilizem tecnologia de Autoconstrução para suas Moradias. Para isso a coordenação da VC oferecerá treinamento, monitoramento e estreito acompanhamento de profissionais da engenharia e arquitetura em todas as etapas da obra. Projetos pré-concebidos, desenvolvidos com a finalidade de fácil execução. Unidades móveis de apoio para estoque de materiais e ferramentas.

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”  (EINSTEIN; ALBERT, 1946)

 

1.8          Desenvolvimento Tecnológico: As Vilas Conceptuais partilham do princípio que o desenvolvimento tecnológico se sustenta principalmente, nos seguintes pilares:

a) Garantia da Propriedade Intelectual;

b) Ampla difusão da normalização;

c) Investimento na produção tecnológica;

d) Desenvolvimento da capacidade criativa.

Com isso primamos pelo incentivo a toda e qualquer atividade que vise o conhecimento, orientando e assessorando os inventores e desenvolvedores de obras técnicas, culturais e artísticas.

“Precisamos de inovação se quisermos atender as expectativas das pessoas que vivem hoje e, ao mesmo tempo, preservarmos o planeta para as gerações futuras” – (KRUPP; FRED, 2010)

 

1.9          Neorracionalismo: Os filósofos que inspiraram as idéias bases das Vilas Conceptuais são Immanuel Kant (1724-1804) e Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900). O primeiro associa o racionalismo clássico – razão pura – ao empirismo – experiência - aceitando as formas a priori da razão, desde que estejam conjugadas ao experimento para que possa haver conhecimento.

"Todo interesse de minha razão (tanto o especulativo quanto o prático) concentra-se nas três seguintes perguntas: 1. Que posso saber? 2. Que devo fazer? 3. Que me é dado esperar?"

(Kant, Crítica da razão pura, 1788)

O segundo almejava a construção do homem luz, liberto e criador.

“Sim, sei de onde venho! Insatisfeito com a labareda ardo para me consumir! Aquilo que toco torna-se luz. Carvão aquilo que abandono. Sou certamente labareda!” e “Homens convictos são prisioneiros.”     (Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência, 1882)

 

1.10       Dinamismo: Se tivesse que definir a essência do que deveria ser o “modus operandi” dos moradores da Vila Conceptual em uma única frase, eu diria: “Meu espírito precisa do meu cérebro, meu cérebro precisa do meu corpo e meu corpo precisa de atitude”. Sem atitude nos tornamos obsoletos, ultrapassados. Sem imprimir dinamismo em nossos atos, estamos propensos a sermos arrastados pela vida, aumentam as chances da derrota. Na Vila Conceptual as pessoas são incentivadas a tomar decisões, a terem iniciativa.

“Mudança da zona de conforto para a zona de oportunidade” – (PRAHALAD, 2011)

 

1.11       Experimentalismo Científico: Não se confunde com o desenvolvimento tecnológico, pelo contrário, o complementa. É a prática das invenções e desenvolvimentos de obras dos membros das Vilas Conceptuais. É o incentivo à práxis. O encorajamento à exposição. A educação voltada ao desenvolvimento da criatividade e o despertar da curiosidade. É uma “fase” um tanto quanto “artesanal” do desenvolvimento científico.

“A pergunta não é se posso investir muito, mas se posso aprender rapidamente” –(PRAHALAD, 2011)

 

1.12       Consensualismo: As decisões nas Vilas Conceptuais são tomadas em consenso, mediante formalização da declaração de vontade, ou de qualquer outro ato. Não estão sujeitos à imposição de uma forma especial para sua conclusão. Nada tem que ser, tudo pode ser, desde que obviamente, se respeite os princípios da razoabilidade e da boa convivência.

“O consenso é a negociação da liderança” - (THATCHER; MARGARET, 1975)