03.03.2011

VELHAS VIRGENS: CARNAVELHAS 2 (DO LOVE STORY A AV. SãO JOãO)

Sete anos após o primeiro álbum Rock n’ Roll de marchinhas carnavalescas, a banda Velhas Virgens lança “Carnavelhas 2 (Do Love Story a Av. São João)”. Neste novo disco o grupo presta uma homenagem ao maior poeta do samba paulista, Adoniran Barbosa, e a cidade de São Paulo.

Em relação ao primeiro “Carnavelhas”, dá para perceber neste novo disco que a banda teve um cuidado muito maior nas composições e na produção do álbum. Mas, apesar da boa produção, às vezes parece que o vocal ficou um tanto baixo,


“Carnavelhas 2” tem 16 faixas - incluindo a introdução, traz alguns convidados especiais e é cheio de citações e referências que remetem à capital paulista e também a alguns personagens das composições de Adoniran, como Iracema, a protagonista da canção de mesmo nome que teve um triste fim “pinchada” no chão da Av. São João.


Após a introdução apresentada por Laert Sarrumor, do Língua de Trapo, o disco começa muito bem com a ótima “Marcha do Diabo”. Animada e cheia de guitarras, mantém a tradição das clássicas marchinhas de carnaval, sempre com duplo sentido e conotação sexual: “Esse ano vou sair de diabo, já tenho o chifre, só falta o rabo. E se você me der o rabo, vou de diabo pra curtir o carnaval”. Hilário.


“Um Chopps e Dois Pastel” mantem o ritmo das marchinhas e desfila personalidades intimamente ligadas à capital paulista, mesmo que não sejam da cidade, como Caetano Veloso, Tom Zé, Hebe Camargo, Rita Lee, Cauby Peixoto e o Prof. Pasquale Cipro Neto. Até o próprio Adoniran dá o ar da graça.


Neste disco a banda não ficou apenas nas marchinhas. Também há sambas como “Praia de Paulista”, que logo nos primeiros segundos já faz lembrar Martinho da Vila. Tanto pela música quanto pelo modo de cantar de Paulão.


O sambinha “DNA de Malandro”, falando sobre o modo de ser dessa típica figura retratada nos sambas, traz o cantor Nasi dividindo os vocais. As feministas radicais de plantão talvez fiquem horrorizada com “Nos Bares da Vila Madalena”. Como diria a ex-Ministra, relaxe e goze. A música traz a participação de Laert Sarrumor, um dos grandes conhecedores das vias e butecos do famoso bairro paulistano.


Para quem é de São Paulo, ou conhece os locais citados nas músicas, é como se a banda te levasse para um passeio por lugares conhecidos por muitos, mas que não são necessariamente pontos turisticos, como o Bar Estadão, que tem esse nome por ser próximo ao prédio onde antigamente ficava a redação do jornal O Estado de S. Paulo. O bar é um dos locais citados em “Feijuca na Madrugada”, com participação de Wandi Doratiotto, do Premê.

Os estudantes cachaceiros são homenageados em “Em Tese”, que cita diversas faculdades da Grande São Paulo. Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, é o convidado nessa música que começa como marchinha e depois vira quase um punk rock.


A banda escorrega em suas incursões pelo samba em “Adão e Eva”. Sambão demais. Paulo Miklos, dos Titãs, engrossa o batuque. Mas a coisa melhora com “A Turnê do Chopp” e pros marmanjos que sentiam saudades da Lili, que gravou com a banda o disco “Cubanajarra”, a boa notícia é que é dela o vocal principal em “Taca Silicone na Japa”. Que gracinha. Ai, ai...

Quem torce o nariz para a banda por causa das letras, pode curtir esse carnaval sem medo, já que nessas composições eles pegam mais leve nesse quesito. “Carnavelhas 2” é um disco animado, engraçado e que mostra a banda sem medo de arriscar mais uma vez em outros campos.