Cotidiano

18.01.2010

TIO FRANÇA

Ele sofreu paralisia infantil e passou a vida inteira com certa dificuldade para se movimentar e com pouca força, principalmente no braço direito.

Mas nunca, nunca se queixou das seqüelas que carregou durante os 75 anos em que viveu. Para a sua época, foi um intelectual. Professor e dono de uma lábia invejável, Francelino Romano Boff ganhou a vida trabalhando como professor e depois como “briqueiro”.

Passou por algumas dificuldades, coisa que todo mundo passa, mas de qualquer maneira, viveu bem. Criou seus seis filhos, sendo três do primeiro casamento e mais três do segundo. Foi morador de Santa Helena nos anos 70 e antes do final daquela década, mudou-se com toda a família para Ariquemes, onde pereceu na sexta-feira dia 15.

Tio França era daqueles tipos sonhadores. Sempre tinha em mente poder dar uma melhorada na vida e nunca foi de perder a esperança. No final, quando a saúde complicou, demonstrava uma natural aversão à morte, que acabou por não lhe poupar.

Da família do meu pai, de onze irmãos, ele era mais ou menos do meio. Meu pai conta com 81 anos a serem completados em 28 deste mês de janeiro e goza de boa saúde, sendo muito ativo e cuidadoso com a saúde, principalmente no tocante à alimentação.

Saladas, frutas, mel, azeite de oliva, castanhas e bem pouca carne. Bebida, uma meia taça de vinho antes das refeições (vinho puro) e de vez em quando, uma cerveja, na maioria das vezes, sem álcool. Esta é a receita cotidiana que ele cumpre, dando inveja a nós outros, que desregramos a boa conduta alimentar.

O tio França, ao contrário, nunca foi de seguir muita regra. Mesmo assim, Deus lhe concedeu 75 anos, dos quais, a grande maioria, vividos com alegria e saúde. Que Deus reserve um espaço para aquele que cantava quando o jogo de baralho não vinha: "-O joguinho tá dizendo, Francelino vai pra casa!"

 

 

Elder Boff