Sexualidade Humana
07.04.2011
SEXUALIDADE E AUTO-ESTIMA
Navegando pela internet, encontrei este texto da autora Cláudia Faria, psicóloga e terapeuta sexual, achei muito interessante e gostaria de compartilhar, pois acredito que o tema é valido e tem que ser transmitido, vou utilizar a Coluna hoje como porta-voz de outra opinião.
Segue a baixo o Texto que mostra a pesquisa no qual a autora faz um contraponto entre Sexualidade e Auto-estima, deixando claro que o ser humano precisa estar de bem consigo mesmo para satisfazer seus desejos.
A preocupação com a satisfação e o prazer sexual de homens e mulheres tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Em decorrência disso, tem aumentado a necessidade de se compreender melhor as dificuldades sexuais, suas causas e conseqüências.
Sabemos que a sexualidade é parte integrante da personalidade total das pessoas. A sexualidade humana não se limita ao ato sexual; ela engloba emoções, afetos, sensações, etc. Dessa forma, sentimentos e pensamentos influenciam o exercício da sexualidade. O contrário também ocorre, ou seja, a vivência da sexualidade irá influenciar sentimentos e pensamentos, inclusive a respeito de si mesmo.
O conceito de auto-estima pode ser compreendido como a aceitação do que se é e como se é. É a confiança no direito de ser feliz, a percepção de valor e de poder ser admirado. A sensação de inadequação, de culpa ou vergonha, ou ainda a ausência de confiança e amor-próprio, indicam prejuízo na auto-estima de um indivíduo.
É consenso entre os profissionais que a sexualidade humana sofre forte influência de fatores como auto-estima, auto-imagem e auto-conceito. A forma como a pessoa se valoriza interfere, sem dúvida, em como irá exercer sua sexualidade.
A auto-estima está relacionada a outros dois conceitos importantes: auto-eficácia e auto-respeito. A auto-eficácia é a confiança do indivíduo em sua capacidade para pensar e enfrentar os desafios da vida. Já o auto-respeito é a percepção de si mesmo como pessoa merecedora de felicidade e qualificada para expressar desejos e necessidades. O indivíduo com auto-estima preservada se respeita e exige o mesmo dos outros, e sente-se capaz de ser amado. Já uma pessoa com sentimentos de menos-valia pode não ter prazer sexual por não se sentir no direito de reivindicá-lo.
Como podemos perceber, sexualidade e auto-estima são conceitos que estão intimamente ligados, sendo que queixas e sintomas sexuais podem, muitas vezes, ser expressões de baixa auto-estima. É muito comum chegarem aos consultórios pessoas com dificuldades sexuais cuja causa é a má relação que a pessoa tem consigo ou com seu próprio corpo.
É o caso de mulheres que não conseguem ter orgasmo porque não estão satisfeitas com o corpo que têm, e se preocupam excessivamente com a aparência na hora da relação sexual. Ou ainda porque não se permitem pedir o estímulo adequado aos seus parceiros, e continuam mantendo relações pouco agradáveis.
Poder falar como quer ser tocada e estimulada, além de poder pedir as carícias ou práticas sexuais que lhe são prazerosas, exige que a pessoa seja um pouco "egoísta" em determinados momentos. Não se sentir importante o suficiente, ou ainda achar que o outro pode se aborrecer com as solicitações, limita significativamente as possibilidades de realização sexual.
Na prática clínica pude perceber que as conseqüências mais comuns da baixa auto-estima em mulheres são: grande necessidade de sentir-se amada e de agradar ao parceiro, medo de fazer solicitações, dificuldades com o corpo e aceitação do que não gosta ou não quer.
Os homens também apresentam dificuldades causadas pela baixa auto-estima, como sentimentos de incompetência, de ser menos "homem" ou menos viril, grande cobrança interna, comparação com outros homens e insatisfação com a fragilidade. Alguns ficam tão preocupados com seu desempenho sexual, acreditando que irão "falhar", que acabam apresentando dificuldades de ereção por causa dessa ansiedade. A antecipação do fracasso e a ansiedade de desempenho são processos cognitivo-emocionais bastante comuns, que normalmente levam a disfunções sexuais, e que na maioria das vezes são causados por insegurança e baixa auto-estima.
A função sexual preservada, isto é, livre de disfunções, é algo fundamental para a realização pessoal. As dificuldades sexuais, na maioria das vezes, abalam a estrutura global do indivíduo. Dessa forma, podem comprometer, de forma significativa, o bem-estar e a qualidade de vida de homens e mulheres.
A baixa auto-estima pode causar diversas dificuldades sexuais, sendo que essas dificuldades acarretam em uma alteração ainda maior do conceito que a pessoa tem de si mesma. A pouca valorização nos torna adversários do nosso próprio bem estar. Saber-se merecedor da felicidade é a essência da auto-estima e da plenitude sexual.
Cláudia Faria, psicóloga e terapeuta sexual.
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