Cotidiano

17.11.2014

QUEM SÃO OS POBRES?

Muitos, nos quais “não me incluo fora”, sonham em ganhar uma Mega-Sena como a desta quarta-feira, que vai sortear 80 milhões de reais.

Perto dos números do propinoduto da Petrobrás, é até fichinha. Falam em 22 bilhões, ou seja, 275 vezes o valor da loteria acumulada de hoje.

A volúpia por dinheiro leva muita gente para a lotérica e também para a falcatrua.

Jogar na loteria (oficial) não é contravenção, mas corromper e ser corrompido, tá dando bode faz tempo.

Mas voltando ao cerne do meu pensamento, vi uma historinha bem interessante sobre a relação entre o “ter e o ser”, a qual reparto com os fiéis leitores da coluna:

Um pai, em uma situação muito confortável de vida, resolveu dar uma lição a seu filho ensinando o que é ser pobre. Ficaria hospedado por alguns dias na casa de uma família de camponeses. O menino passou três dias e três noites vivendo no campo. No carro, voltando para a cidade, o pai lhe perguntou: “Como foi sua experiência?” “Boa.” respondeu o filho, com o olhar perdido à distância.

“E o que você aprendeu?”, insistiu o pai.

O filho respondeu:

“Que nós temos um cachorro e eles têm quatro. Que nós temos uma piscina com água tratada, que chega até metade do nosso quintal. Eles têm um rio sem fim, de água cristalina, onde têm peixinhos e outras belezas. Que importamos lustres do Oriente para iluminar nosso jardim, enquanto eles têm as estrelas e a lua para iluminá-los. Nosso quintal chega até o muro.

O deles chega até o horizonte. Compramos nossa comida e esquentamos em microondas, eles cozinham em fogão à lenha. Ouvimos CD's, Mp3, eles ouvem a sinfonia de pássaros, sapos, grilos, tudo isso às vezes acompanhado pelo sonoro canto de um vizinho trabalhando sua terra. Para nos protegermos vivemos rodeados por um muro, com alarmes... Eles vivem com suas portas abertas, protegidos pela amizade de seus vizinhos. Vivemos conectados ao celular, ao computador, sempre plugados, neuróticamente atualizados. Eles estão "conectados" à vida, ao céu, ao sol, à água, ao campo, animais, às suas sombras, à sua família.”

O pai ficou impressionado com a profundidade de seu filho e então o filho terminou: “Obrigado, pai, por ter me ensinado o quanto somos pobres! “

Esta é a diferença entre o pobre e o rico, entre o ter e o ser.

Que possamos nos sentir verdadeiramente pobres para poder crescer.

Elder Boff