Cotidiano
06.07.2009
QUEM COMPRA FORA?
Sábado na Liberdade FM, como havia previsto, dia dos 31 anos da Acisa, entrevistei a presidente da associação comercial de Santa Helena e um assunto veio à tona e que diz respeito a todos. Pessoas daqui que preferem incursões a Cascavel, Toledo e principalmente ao Paraguai para se satisfazerem de compras.
Expus para a presidente Cristiane Nunes de Oliveira, que também precisa existir a contrapartida dos comerciantes e atrair cada vez mais os clientes pelo preço. A tarefa parece simples, mas não é.
Como explicou a jovem liderança do empresariado local, fica difícil competir com as traquinagens que são oferecidas para quem atravessa a fronteira. Produtos saem do Brasil e vão para o Paraguai sem aquela quantia absurda de impostos que aqui nos imputam.
Então, o que fabricamos aqui, vai para o Paraguai com incentivos ou descaminho e volta mais barato do que se fôssemos adquirir no Brasil. Não tem como competir. A única vantagem que podemos levar aqui é que não precisamos correr riscos na estrada, despesas indesejáveis e o perigo que sempre ronda a Ponte da Amizade.
Escrevi há dois anos, quando surgiam críticas para aqueles que também compram em Cascavel e Toledo e os usuários da saúde pública eram os alvos naquela ocasião. Recordemos:
Constantemente a gente ouve críticas à própria população do município, emanada de lideranças, principalmente ligadas a setores organizados do comércio, dando conta da evasão de divisas. Será que o povo humilde (na grande maioria dos casos) que se desloca de ambulância ou vans para Toledo, Cascavel ou Curitiba, volta com sacolas cheias de compras? Duvido. Quem compra fora é a classe média, média alta ou alta (se é que tem isso por aqui). São essas classes sociais que inclusive, formam o próprio conglomerado do comércio.
Pela saúde, tenho acompanhado o deslocamento de pessoas, praticamente todos os dias para Toledo e Cascavel. São usuários do sistema de saúde que carecem de tratamento de média e alta complexidade, o que praticamente não é ofertado no município de origem. Municípios maiores do que Santa Helena, dentre os quais podemos citar Marechal Rondon e Palotina, também se obrigam a transportar para outros centros, seus doentes que precisam, via SUS, tratamento de uma complexidade mais apurada. Esses usuários, é bem verdade, tomam um cafezinho, fazem um lanche e às vezes podem até aviar uma receita, quando muito, mas insinuações que vão se fartar de compras é um tremendo descalabro.