Cotidiano
03.03.2011
QUE SAUDADE!
Meu avô faria hoje, se vivo estivesse, 95 anos. Faleceu
um pouco depois de completar 90 anos de idade em 2006.
Era altivo, feliz e sempre de bem com a vida. Nunca dirigiu uma bicicleta, nem tampouco uma moto e muito menos um carro. Não teve celular e nem telefone em casa, durante toda a sua existência.
Internet, nem pensar. Acho que por isso ele era mais
feliz do que a média das pessoas. Alguém já me disse um dia que o computador
foi uma coisa que inventaram para resolver os problemas que a gente não tinha.
Mas, voltando ao nono Joanin, como o chamava. Era uma
figura rara.
Certa feita dei um relógio daqueles doirados, de bolso. Num
encontro de idosos, esqueceu num banheiro e quando voltou lá, havia sumido a
sua já considerada relíquia.
O nono ficou envergonhado de dizer que tinha “extraviado”
o presente. Embrulhou uns dois anos pra me contar.
Minha mãe já havia contado antes, mas fiz de conta que
não sabia. Num Natal, acredito que tenha sido o seu último, comprei outro
relógio de bolso, desta vez prateado.
Um pouco antes da ceia em família, ele resolveu me
contar que havia perdido o relógio
banhado em ouro. Naquela hora eu puxei o presente e pedi para que abrisse.
Seus olhos lacrimejaram (foto), como se não merecesse o
presente de novo. Abracei-o com o carinho que sempre tive pelo meu avô querido,
que também era um exemplar padrinho de batismo.