Cotidiano
07.11.2013
QUASE UM SÉCULO (NONO CALVI)
Já disse outro dia numa coluna qualquer, mas mesmo augurando sempre o modernismo, sou saudosista de plantão.
Não fico apegado a tudo que cheira mofo, nem costumo tanto visitar antiquários, por mais que se pudesse teria um.
Mas o que gosto mesmo é de conversar com os mais experientes.
Nos programas que fiz no rádio, sempre procurei dar espaço para integrantes da terceira idade.
É bonito ouvir as histórias daqueles que já subiram os degraus da oitava década de vida.
Ontem, caminhando pelas ruas de Santa Helena, encontrei meu velho amigo Fioravante Calvi.
Com uma bengalinha, do alto de seus quase 96 anos de vida, parou para me contar histórias, na calçada, semi sombreada pela marquise de uma construção.
Ele foi personagem de uma de minhas histórias contadas no Correio do Lago e no rádio.
Certo dia, na estrada do porto, perto de sua residência, encontrou uma maçaroca de dólares, guaranis e reais. Algo não tão volumoso em quantia, mas significativo.
A suspeita óbvia era que o dono pudesse ser um caminhoneiro paraguaio ou brasiguaio.
Combinamos que iríamos esperar alguém procurar.
Dito e feito apareceu logo o caminhoneiro na rádio, procurando pelo dinheiro.
Avisamos o nono, que entregou todo o achado.
Acho que recebeu uns R$20 de gorjeta, mas ficou mais feliz do que o homem que havia perdido a grana, por ter seguido sua sina de honestidade.
Agora, marcamos uma entrevista com vídeo, para que ele fale outras histórias nas quais foi protagonista neste quase um século de vida!