Cotidiano
26.05.2010
PRECISA MAIS
Estamos vivendo hoje o quadragésimo
terceiro aniversário de emancipação político-administrativa de Santa Helena. É
aquele momento especial de reflexão sobre o que fomos, o que somos e o que
seremos.
Não sou historiador, mas tive que
contar no rádio e nos jornais, ouvi em dezenas de entrevistas e li sobre as
nossas características nativas, nossa evolução através dos ciclos e etapas
distintas, com características muito particulares.
Nossa história remonta ao princípio da
década do século passado. Foi entre 1910 e 1920 que chegaram os primeiros
colonos advindos de São Paulo e depois do Rio Grande do Sul.
Nossos colonos pioneiros conviveram
com tempo da extração da erva-mate e viram de perto as estripulias da Coluna
Prestes, cujos integrantes deixaram uma trilha de descontentamento ao carnear
animais e até humilhar simplórios colonizadores, história pouco registrada, mas
relembrada pelos mais antigos.
A região de Santa Helena Velha
concentrou as primeiras famílias que fizeram crescer ao redor, vilas bem
populosas, como a Vila Celeste por onde passava a estrada empoeirada que
ligava-nos até Foz do Iguaçu.
Muita gente cansou de ir à Foz à
cavalo e até de bicicleta. Poucos tinham veículo. As antigas camionetas vinham
aqui buscar porco, ao mesmo tempo em que trazia mantimentos.
Os primeiros clarões de lavoura
emergiam onde hoje as águas do lago se impuseram. Lavoura de subsistência durou
algumas décadas.
A partir de 1950, algumas máquinas já
se faziam notar, mas a chamada mecanização agrícola teve um boom no final dos
anos 60 e até 1980 já estaria definida a grande área cultivável que até hoje
perdura.
Início dos anos 80 e a Itaipu trouxe
uma nova realidade. Muitas famílias foram embora e os primeiros movimentos de
sem terra, aconteciam no local onde hoje é a praia. A luta por preços melhores,
propiciou intensa movimentação.
Me lembro de uma reunião grande no
campo do Incas, onde a maioria dos indenizados clamava por preços justos para
as suas terras.
Contando com São José, havia ao redor
de 60 mil habitantes e o número foi caindo vertiginosamente, chegando a pouco
mais de 17 mil.
Junto com os indenizados em um terço
do território, foram juntos dezenas de vizinhos e até comerciantes da cidade,
que pensavam estar acabando a cidade, num breque de movimentação, pouco vivido
por outros municípios.
A redenção começaria bem mais tarde
com o início da devolução do que foi tirado daqui. Os royalties começavam a
transformar a perspectiva. Santa Helena já recebeu muito dinheiro de volta.
Criou estruturas, pavimentou todas as suas vias urbanas, construiu postos de
saúde, o prédio da prefeitura e diversos outros atrativos turísticos.
Houve incentivo a indústrias, alguns
malogrados, clubes de lazer e um porto internacional. Santa Helena ampliou sua
área de lazer com a praia e hoje é referência no verão.
Mas muito mais precisa ser feito. Está na hora de solidificar o crescimento da cidade, talvez aumentar sua população e segurar os jovens por aqui, o que não é fácil. Por enquanto, somos uma cidade para poucos.
Estudantes ficam até o segundo grau,
com raras exceções. Estamos ficando uma cidade de aposentados e de crianças. Se
for essa nossa vocação, tudo bem.
Caso contrário, ainda há tempo de reorganizar
investimentos, constituindo uma máquina pública com características de
município do nosso tamanho, para que sobrem recursos para investimentos no
crescimento sólido num tripé desenvolvimentista como a educação universitária,
o porto e a agroindústria.