Quando cheguei ao velório daquela simpática velhinha que há alguns anos atrás fiz o registro para o rádio, dos sessenta anos de casada, me deparei com o semblante cabisbaixo do companheiro de bem mais de meio século, resignado no lado direito de sua amada inerte na caixa fria de madeira.

Depois que tomou a vacina contra a gripe, aplicada nos integrantes da terceira idade, definhou até a hora fatal. Houve reação em d. Margarida* e ela não se recuperou mais depois da dose, segundo o filho convivente por longos anos.

Por mais que não haja nenhum histórico de reações mais graves em decorrência da vacina, salvo se a pessoa for alérgica a ovo, coincidentemente ela enfraqueceu e acabou falecendo aos 88, quase 89 anos que seriam completados em julho.

Seu Lodovico, o marido, é mais novo, tem 87 e se considera forte, mesmo diante do baque momentâneo da perda da companhia de tantos anos. O filho que morava junto é Sadi, 51 anos completados justamente no dia da morte da mãe.

-Ela esperou passar da meia-noite! Exclamava ele, ao comentar a coincidente data. Eu já havia dado os pêsames antes. Constrangido dei, mesmo assim, os parabéns e considerei para o vereador (exerce a segunda legislatura) um presente de sua mãe que passa a ser mais uma intermediária sua perante Deus.

(*Margarida Turra é mãe do vereador Sadi Turra e faleceu logo após a zero hora desta segunda-feira dia 18, mesma data do aniversário de seu filho, o vereador Sadi Turra)