Cotidiano
25.08.2015
PERCEPÇÃO DA CRISE
Em entrevista ontem ao O Globo, Folha e também ao Estadão, a presidente Dilma Rousseff disse que percebeu a crise só depois da eleição.
Confessou isso 10 meses depois.
A percepção da crise e o light mea-culpa ouriçam os mais interessantes comentários pelo país afora.
Nas redes sociais, bancas livres daqueles que não tem voz na mídia oficial, desancam descaradamente o golpe eleitoral pelo qual se sentem vítimas.
Não é fácil perceber a crise com avião a jato à disposição.
Não é fácil perceber a crise com ótimo salário e cartão corporativo à disposição, praticamente sem limite.
Não é fácil perceber a crise em jantares sofisticados, apesar de um dia extenuante sob ar condicional, todos preparados por ótimos gourmets.
Não é fácil perceber a crise quando se percorre o Brasil fazendo discurso de obras ou serviços que dão certo para um público selecionado que aplaude.
É fácil perceber a crise quando pagamos13% de juro no limite estourado do banco.
É fácil perceber a crise quando pagamos mais caro as mercadorias para comer e cujo salário não acompanha.
É fácil perceber a crise quando estamos batendo à porta de empresas ou agências de trabalhadores, buscando emprego.
É fácil perceber a crise, quando se busca uma creche para o filho pequeno e não tem vaga.
É fácil perceber a crise, quando o Bolsa Família é mote eleitoral e bandeira de campanha.
É fácil perceber a crise, quando ficamos na fila, por um ano para ser atendido por uma especialidade médica se depender do SUS.
É fácil perceber a crise quando o mês é muito grande para salário, que sempre, invariavelmente termina antes.
A percepção da crise tem ângulos distintos.
Depende do lado que você está.