Cotidiano
21.10.2014
OUTUBRO ROSA
Neste mês de outubro, quando se lembra bastante da prevenção ao câncer, principalmente de mama, mas não só deste, no outubro rosa, relembro um texto que publiquei ainda no jornal impresso do Correio do Lago, no comecinho de 2008, portanto há seis anos.
No artigo, fiz uma alusão a um amigo que raspou o cabelo para ficar parecido com a mulher que tinha câncer.
Ela acabou morrendo depois, mas a história ficou escrita.
CABEÇAS DISTINTAS
Quando encontrei o marido, não tive a coragem de perguntar pra ele se aquele ato teria sido em solidariedade à sua esposa, mas tenho a convicção que sim. Ela sofre já a algum tempo de um câncer e durante o tratamento através da quimioterapia, é comum acontecer queda dos cabelos, pois é um efeito natural de reação do organismo que está recebendo doses grandes de produtos químicos que são feitos para destruir as células ruins e acabam por atacar as boas juntas.
Ninguém, por menos vaidoso que seja, não fica ressentido por ver sua estética abalada e uma mulher sem cabelos é algo que a sociedade não está acostumada a ver. O recurso da touca, de um boné, de um lenço emoldurando a cabeça, dá um alívio à pessoa que passa, pelo menos, a sentir-se melhor e até a esquecer a falta que o cabelo faz. Melhor ainda é poder contar com a solidariedade dos outros e neste caso específico, esta mulher tem muita sorte: tem um marido que demonstra amor de verdade.
Ele raspou sua cabeça pra ficar igual a ela. E não é só isso. Tendo ela que se alijar da gostosa cervejinha, ele também decidiu não beber na sua presença, para não provocar a vontade que é muito natural. Quando a gente vê tanta notícia ruim, de egoísmo e falta de amor neste mundo, encontramos histórias que nos emocionam e provam que o amor ainda existe e se manifesta de forma muito intensa como neste ato de solidariedade mútua deste esposo que se compadece do momento difícil pelo qual a esposa passa.
Que esta história nos sirva de lição para praticarmos cada vez mais o amor desprendido, com Deus no coração. Aquele amor que não exige troco, não é para troca, mas para ratificar nosso pedaço divino neste corpo e nesta alma tão abarcados pelas coisas mundanas.
Talvez, os desastres humanos estejam acontecendo, com gente morrendo á toa, jovens se perdendo nas drogas, pessoas fazendo dos atos de marginalidade algo cotidiano, porque o amor está se perdendo nas famílias. Marido e mulher em conflito, pais que não abraçam seus filhos, filhos que não respeitam seus pais. Que estas cabeças carecas nos iluminem e nos entusiasmem a amar mais.