Moro no trajeto do trenzinho que faz o roteiro no verão em Santa Helena e às vezes me sinto morador de uma cidade ferroviária. Não pelo barulho das rodas cavadas passando pelos trilhos, mas pelo apito que insistentemente é acionado pelo motorista, quando não pelos próprios passageiros.

O apito, é claro, tem a razão sentimental e romântica das velhas locomotivas que anunciavam a chegada nas estações. Mas, sobremaneira, tem a função de avisar as crianças que está se aproximando o trenzinho. E quem segura a gurizada?

O trenzinho vai espalhando pelo seu trajeto uma série de situações. Pais que se livram dos filhos por alguns momentos, pais que brigam para que os filhos não embarquem e corrida aos cofrinhos para arrumar os “trocos” para o “maquinista”.

Como é muito difícil dizer não para as crianças, o trem da alegria vira o trem da discórdia. –Pai, me dá cinco Reais, vou eu e a Luana. –Filha, de novo, ontem você deu duas voltas! E o trenzinho segue cheio, colhendo Reais e fazendo a alegria da gurizada e muitas vezes, a cara feia dos pais.  Uuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!