Psicologia
13.04.2020
Narcisismo e meios de comunicação
Nos encontramos atualmente na era da mídia digital e televisiva, estando em contato com esses meios de comunicação em boa parte do dia. A partir disso podemos nos perguntar até que ponto esses fatores estão influenciando em nossas vidas? Para muitos autores a subjetividade faz parte de uma construção social, acontecendo ininterruptamente em todos os momentos, resultando daí a produção de uma subjetividade individual.
Nesse meio, a produção midiática e a internet contribuem para a formação da subjetividade dos indivíduos que estão em contato com ela, caracterizando-se como importantes veiculadores de discursos sobre modos de vida, padrões estéticos e de beleza, sexualidade, etc.
Na sociedade capitalista atual, o consumo tornou-se uma ferramenta para adquirir a “felicidade”, tentando preencher os vazios, buscando externamente por coisas que possam completar as lacunas interiores.
A fascinação gerada por meio de imagens pelos meios televisivos e através das mídias socias, faz com que torne-se objeto de desejo aquela viagem, ter um corpo perfeito, ter uma televisão nova, um carro novo, um smartphone novo, etc., caracterizando uma nova forma de poder de controle social, utilizando-se da fascinação, convencimento e da persuasão para a formação desse indivíduo ou grupo, não mais preocupados com a sua verdade e sim com o brilho da sua imagem pessoal e o consumo.
Esse amor pela própria imagem, arrogância, uma profunda necessidade de atenção e admiração excessivas caracterizam o narcisismo, que surge baseado na cultura grega do Mito de Narciso, no qual ele, olhando-se no reflexo da água apaixona-se por si mesmo.
Algumas características dessa atual “personalidade narcísica” são pessoas centradas mais em si mesmas; o viver com intensidade o presente, esquecendo o passado e negligenciando o futuro; a busca do prazer a todo custo e os sentimentos de vazio interior.
Estudiosos afirmam que a busca desenfreada pelo prazer passou a ser abordada como uma obrigação, que caso não seja cumprida conforme o padrão atual imposto, abre espaço para avalições sobre si mesmo. Daí surge a frequente procura pelas transformações do corpo e da imagem, para melhor adaptá-los aos padrões exigidos socialmente, vistos como admiráveis.
A rede de internet é um espaço que permite que os indivíduos tenham mais disposição para se expressar, a partir de inúmeros meios que ali existem (Facebook, Instagram, Twitter, etc.), a partir disso, o narcisista depende de outras pessoas para validar a sua autoestima, através de curtidas, por exemplo.
O fenômeno das redes sociais consiste em uma proliferação de imagens e textos postos para apresentar uma imagem desejada. Analisando mais especificamente a “selfie” que vem da expressão em inglês “Self-portrait”, que por sua vez tem o significado de “autorretrato”, por isso quando tiramos uma foto de nós mesmos estamos nos referindo a este termo.
Atualmente a selfie tornou-se além de uma forma de auto retrato, um meio de comunicar-se, expressar suas características individuais, demonstração da forma que o sujeito se apresenta ao mundo, dos seus estilos de vida, além de ser um meio a influenciar outras pessoas “com diversos produtos e novas formas de publicidade atrelados a elas”.
“Fica evidente que as sociedades capitalistas contemporâneas presenciam a emergência de novos modos de existir no mundo, modos esses que reafirmam a importância do eu, mas também do capital como doador de sentido para uma existência individualizada”.
O narcisismo pode ser expressado em qualquer campo da vida, seja ele no trabalho, nos relacionamentos, na família, etc. Dificilmente uma pessoa narcisista se caracteriza como tal, mas este transtorno pode ser identificado através da observação de um profissional da saúde (Psicólogos e Psiquiatras) e podem ser auxiliados através do acompanhamento continuo com o especialista.
O texto é uma pincelada sobre o assunto, que tem grande amplitude e pode ser estudado mais profundamente.
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Referências:
BADUY, R. S.; CARVALHO, P. R. Narcisismo e Mídia: Uma Análise Psicossocial. In: X Seminário de Pesquisas Humanas – SEPECH. Anais... Londrina: UEL, 2014. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/sepech/arqtxt/ARTIGOSANAIS_SEPECH/renatosbaduy.pdf
SANTOS, I. L. S.; PIMENTEL, C. E.; MARIANO, T. E. #Você: uma revisão de literatura sobre selfies e personalidade. Revista de Psicologia, Fortaleza, v.10 n2, p. 140-147. 2019. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/33535.
Imagem: revistazen.pt