Cotidiano
24.11.2009
MISSIVA ELETRÔNICA
Se a gente
voltar um pouquinho no tempo e imaginar um mundo sem celular e sem internet,
vamos lembrar que éramos todos felizes e não sabíamos.
Hoje todos
controlam e são controlados por celular, principalmente os adolescentes e
jovens que já nasceram sob a égide desta parafernália cibernética.
Hoje, quase
todos têm email ou MSN. Todos têm celulares. As visitas aos amigos são feitas
eletronicamente. Ao invés de ir à casa da pessoa, entra no MSN e resolve tudo
por ali.
Os parabéns aos
aniversariantes são dados pelo Orkut, você nem chega perto do bolo, mas às vezes
manda um virtual com velinha acesa e tudo. Seu estado de humor é espalhado para
toda a plêiade de amigos com mensagem estampada no perfil do usuário do Messenger.
O celular está
presente nas bolsas das mulheres e nos bolsos dos homens. Os jovens todos
carregam o celular sem capinha, que caiu de moda, ligeirinho. Mulheres (boa
parte delas) ainda se atrapalham um pouco com o celular.
Algumas resistem
ao tempo e mantém o aparelho sob uma capa enfeitada, dentro da bolsa. Ao
primeiro toque, nunca conseguem atendê-lo. Às vezes até cai na caixa postal
antes de achá-lo na bolsa, tirá-lo da capa e abrir o flap. (não me falem mal, há
exceções).
90% das meninas
usam o celular no bolso de trás. 90% nos meninos usam no bolso da frente. Não me
perguntem por que. É só uma constatação observacional.
Quando jovem,
bem dizer adolescente, resolvi ir para Porto Alegre, tchau! Viajei e só depois
de uns 30 dias, resolvi me comunicar com os pais em Santa Helena. Mandei uma
carta. Ah, as cartas, benditas cartas às quais esperava o retorno.
D. Rosária
mandava na missiva, entremeada por carbono, uma nota de 10 Cruzeiros. Era uma
alegria sem tamanho. Aqueles trocos davam para comer algo diferente por alguns
dias. Era uma alucinação. Todos os dias com a chave na caixa postal do prédio
daquele apartamento perto de onde se ergueria o Iguatemi (shopping), verificando
se tinha carta.
Telefonema só em
último caso. Acho que foram uns três durante um ano. O interurbano custava o
olho da cara. O negócio era escrever cartas e mais cartas, mesmo que, quanto
mais correspondência enviava, mais respostas a mãe devia...
Tudo isso era
muito romântico e peculiar, contado nos dias de hoje, inimagináveis sem o
aparelho de celular e um PC à disposição.