Cotidiano

22.10.2014

MARGEM DE ERRO, INTERVALO DE CONFIANÇA E A URNA DE VERDADE

O que tem de gente que vota na onda, ou seja, em quem está na frente, não está no gibi.

Para não perder o voto, muitos indecisos cravam naquele candidato ou candidata que está na frente.

Por isso a importância das pesquisas, muitas vezes malucas.

Vi ontem uma entrevista de uma diretora do IBOPE falando das pesquisas eleitorais.

As explicações para as furadas pesquisas, principalmente no Rio Grande do Sul, onde o candidato que venceu o primeiro turno (Sartori) estava em terceiro na semana anterior, excedem o razoável.

Na Veja, um dia depois do primeiro turno, Reinaldo Azevedo fez a seguinte análise:

Vejam o caso do Rio Grande do Sul.

Entre 1º e 3 de outubro, o Ibope colheu os seguintes votos válidos no Estado: 40% para Tarso Genro, do PT; 31% para Ana Amélia, do PP, e 23% para José Sartori, do PMDB. E o que se viu? 40,4% para Sartori; 32,57% para Tarso e apenas 21,79% para Ana Amélia.

O Datafolha, também um dia antes da eleição, não se deu muito melhor: 36% para o petista e 29% para os dois outros. O ibope voltou a errar feio a boca de urna também. Atribuiu 29% ao candidato que obteve 40,4%.

Olhemos agora o Ibope de sábado antes da eleição presidencial: Dilma, dizia o instituto, teria 46% dos votos válidos; Marina, 24%, e Aécio, 27%.

Só a peessebista está de acordo com a previsão.

Com 41,49%, Dilma obteve 2,1 pontos a menos do que a margem inferior de erro, que era de 44%, e Aécio, com os seus 33,55%, 4,55 pontos a mais do que a margem superior, que era de 29%. Nesse caso, o erro remete a 5.238.078 eleitores.

Atenção! O ibope divulgou uma pesquisa no dia 2, feita, informou-se, entre os dias 29 e 1º. Contados os votos válidos, a diferença entre Dilma e Aécio era de escandalosos 23 pontos: 45% a 22% para ela.

Computadas as urnas, três dias depois, os 23 pontos do Ibope eram, de fato, 8,04 pontos.

Os institutos dizem trabalhar com um intervalo de confiança de 95% — isto é, se repetida 100 vezes, em 95, os números colhidos estariam dentro da margem de erro.

No caso, os dois não deram sorte e caíram justamente nas cinco possibilidades em 100 de errar.

A verdadeira pesquisa será neste domingo e qualquer resultado é possível na eleição mais acirrada depois da redemocratização.

Elder Boff