Cotidiano
05.06.2014
*LEGENDA
* Coluna publicada em 04/06/2013 - Elder Boff
Acredito que a morte do ex-prefeito Silom Schimidt se converta num divisor de águas da política e da história do município.
Amado e odiado ao mesmo tempo, ele representou uma página da história do município.
Pessoalmente o conheci quando apenas exercia a função de contabilista e representante da Paraguaçu Volkswagen.
Era um exímio datilógrafo e fazedor de contratos.
Teve ao seu redor todos os segmentos políticos do município, pois em sua trajetória fez parcerias com todos os lados, que na verdade sempre foram dois, pois nunca se criou uma terceira via ou força, como alguns chamam.
Rompeu com um lado, foi abraçado por outro, voltou a se encontrar com antigos correligionários e viu aliados se voltarem contra.
Nas suas duas eleições para prefeito, na primeira, teve o voto maciço de um lado e na segunda, do outro lado.
Sempre dizia que praticamente todos os santa-helenenses tinham votado nele.
Durante o governo de Rita, sua esposa, ficou todos os dias ao seu lado, sendo um baluarte do governo dela.
Nem Silom e nem Rita queriam a candidatura a reeleição, mas foram guindados pelas lideranças que os rodeavam, para mais tentar o feito que foi malogrado.
Apesar de não ser pessoalmente, mas com a esposa no páreo, ter perdido a primeira eleição de sua trajetória, o entristeceu por dentro.
De acordo com a carta deixada impressa, mas assinada e com rascunhos acrescidos à mão, seu desgosto maior foi com a enxurrada de processos que permeavam contra suas administrações.
Era uma das coisas que mais lhe incomodavam.
Depois do acidente em março de 2007, Silom Schiimidt já não foi mais o mesmo e às vezes, variava um pouco, repetindo palavras e até se confundindo com o nome de pessoas.
Nunca esqueço há uns dois anos, quando encontrou a prefeita Inês de Diamante, a chamou de Normilda (prefeita de Pato Bragado).
No acidente, além de fraturas por várias partes do corpo, perfuração do pulmão, ele também chegou a bater forte a cabeça, tendo até perdido massa encefálica.
Mas, como disseram várias pessoas nos recados aqui nas matérias feitas no jornal e também nas redes sociais, os fortes têm às vezes, um momento de fraqueza.
O homem que fez a grande parte das obras visíveis no município, desde o prédio da prefeitura, calçamentos pelo interior, clubes para comunidades e igrejas, estruturação do porto, da praia, a imagem do Cristo, asfalto pelas cidades, postos de saúde, creches, ginásios de esportes, que distribuiu cestas básicas para os pobres, que deu cobertor para aquecer famílias no inverno, agasalhos para estudantes, criou programas para fomentar a agricultura e reforma de residências a fundo perdido, se calou.
Uma legenda da política local se calou.
“Estou vivendo de gorjeta”, dizia sempre para a esposa Rita, principalmente quando comemorava a data de 16 de março, pois considerava aquele dia do acidente em 2007, uma efeméride particular.
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Sábado, dia 25 de maio, fiz aniversário e pelo Facebook, Silom me mandou a seguinte mensagem:
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Acesse esse link e ouça a entrevista que dei ao radialista Valdomiro Cantini da CBN Cascavel, logo pela manhã, quando ecoava a notícia da trágica morte de Silom Schimidt.