Saída à Direita

24.05.2016

IMBECILIDADE COLETIVA

Eu estava vagando por uma leitura do livro do grande professor Olavo de Carvalho; O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. Da leitura extraí um trecho muito interessante, a informação  que nossas crianças estão entre as mais inteligentes do mundo e nossos universitários estão entre os mais burros. Aí eu parei a leitura e me perguntei como é possível tal fenômeno? Que tipo de força oculta é capaz de transformar uma criança dotada em inteligência e imaginação em uma pessoa incapaz de construir frases com algum sentido lógico? De quem é a culpa? Seria o governo o grande vilão, já que a exemplo, nossa ex presidente Dilma que foi a representante maior da nação deixou um legado de pérolas em seus discursos, nos quais ela saudou a mandioca e inovou com o conceito de mulher sapiens comprovando o fenômeno, ou ainda o presidente anterior que se orgulhava de não gostar de ler.

De fato, para uma pessoa lúcida, apenas uma dessas pérolas já bastaria para saber que o nosso povo está decaindo. Mas perceber isso não ainda não é suficiente, é preciso entender pelo menos um pouquinho do que acontece, o porquê dessa imbecilidade que parece mais uma doença generalizada. Perguntar-se por que, já é um bom começo, acredito. 

O fenômeno parece decorrer da multiplicidade de eventos. Não tenho as respostas precisas para elucidar o problema, diferente da maioria dos jovens que acham ter a resposta para tudo, eu prefiro apenas compartilhar um pouco do conhecimento, também dependo dos outros, afinal essa é a lógica. Apesar de eu não ter tais respostas, posso garantir que estou pegando emprestado o olho do gênio Olavo de Carvalho e sinto-me na obrigação de demonstrar que imagens eu enxerguei, lendo Olavo, progressivamente retomo a sanidade mental que foi tão massacrada por essa multiplicidade de eventos.

Para Olavo de Carvalho, discernir o importante do irrelevante é o primeiro passo para ser inteligente de fato. Baseado nisso eu digo que - o universo é repleto de informações, dentre as quais algumas poucas servirão de começo para que a pessoa tenha uma orientação de mundo e a partir daí comece a desenvolver sua inteligência. Bem, são tantas coisas espalhadas por aí que fica difícil saber no que se basear e ter uma boa orientação. O indivíduo necessita de toda sorte de objetos a sua volta para que ele tenha uma base, uma indicação de por onde caminhar.

É nesse ponto que nós brasileiros pecamos, blasfemamos contra a nossa própria capacidade cognitiva. Somos tão perdidos quando a ex presidente Dilma em seus discursos. A cultura em geral é filtrada pela sociedade, essa coloca ao redor do indivíduo um mostruário pequeno da infinidade de conhecimento existente, basta que a pessoa faça a escolha baseado nessa amostra e decida se aprofundar em determinado assunto, o que seria uma excitação cognitiva com bons resultados e um ciclo proveitoso seria iniciado. Assim seria o correto para que a sociedade se desenvolvesse.

Seria é claro, mas aqui é o Brasil, sim, aqui as coisas são diferentes. Em alguns países europeus, um exemplo dessa amostra que a sociedade dá é os símbolos e marcos históricos, a educação que ensina valores das gerações passadas mas também coisas novas e necessárias. No teatro, há sempre algo novo, porém o tradicional nunca deixa de reencenar. Lá, antes de aprender o novo tende-se a conhecer o tradicional, o fundamental. Lá, a base do conhecimento é fortalecida.

Pois voltemos para  o Brasil, aqui existe  uma cultura de  modinha  que bombardeia o indivíduo com coisas novas, coisas que logo perderão o valor (se é que há valor em algumas delas). Basta surgir uma ideia nova para que os pseudo-intelectuais tenham orgasmos múltiplos, o que não dura muito, porque a onda sempre quebra, e logo surge outra ideia para que em seguida o intelectualzinho faça sua digestão sem saber do que ela é constituída.  O indivíduo se agarra a tudo isso, levado pela moda que não vai a lugar algum ele se perde em não conseguir distinguir o importante  do irrelevante.

Quando chega a idade mais avançada o mesmo indivíduo percebe que não tem uma mínima noção de mundo, arrogante, ele finge ou inventa uma mentira e banca mais uma vez  a pose de intelectual, dizendo que tudo é relativo, que tudo pode ser problematizado, que oito pode ser oitenta pois as coisas sempre mudam, que a culpa dos males do mundo é a sociedade conservadora e opressora. Uma desculpa clássica é dizer que nossa civilização é ignorante e apegada aos valores de tradição (cristianismo, Direito Romano, Filosofia Grega),  mas no fundo ele sabe que não passa de um imbecil, descendente, por opção,  de uma geração perdida e sem cultura.

Esse imbecil culpa os conservadores que decidiram fazer um esforço e entender os valores milenares, valores que nos trouxeram liberdade e direitos, valores que atravessaram guerras e foram fortalecidos pela bondade de algumas pessoas, um exemplo  é a mensagem magnífica que o médico judeu austríaco Viktor Frankl  nos deixou, Frankl talvez tenha sido um dos homens que mais colaboraram para a humanidade durante o século passado.

A imbecilidade é tal que querem  mudar o mundo mas não conseguiram ter a mínima noção do que é este  mundo. Pensam que vão mudar os valores da nação justamente desconstruindo o que nos resta de valor. Pensam que mudarão os rumos do país com gestos de ignorância coletiva e brutalidade. Acham que sabem de tudo, mal concluíram o ensino medio e demonstram a arrogância quando não querem entender a sociedade, mas sim culpá-la, não colaborando em nada.

Imbecis que pensam que o novo é bom e o velho ruim, ora, não se pode comparar ideias e valores com produtos que estão à venda nas vitrines de uma loja. Ideias não têm prazo de validade, as coisas é que são novas ou velhas.  A burrice é incentivada pela moda, onde o pseudo conhecimento tem mais valor para os imbecis coletivos do que conhecimentos que atravessaram milênios e guerras. Não sabem o mínimo da Cultura Grega, de Direito Romano e do que representa a civilização judaico-cristã, mas  acham que com apenas alguns anos de idade têm o direito de mudar tais valores. Imbecilidade coletiva  que leva nosso país ao abismo. Fazendo até mesmo os patriotas se envergonharem do aqui e do agora.

A resposta aí está implícita para uns e explícita para outros, para mim, é fácil perceber o que acontece em relação a inteligência. Uma criança em sua sinceridade e humildade tem muito mais a contribuir para a sociedade do que um bando de idiotas coletivos, que são tão idiotas que não enxergam nada além do próprio nariz. O princípio da sabedoria é saber que nada sabe, coisa que não acontece aqui. No Brasil todo mundo acha que sabe de economia, de leis e religião, coisas que levaram gerações e muito esforço para serem entendidas, mas o imbecil acha que tem um conhecimento particular e verdadeiro. Por essas e tantas outras é que caminhamos para o abismo com um andar intelectual, mas que de intelectualidade não tem nada. 


Winston Smith