Cotidiano

09.07.2009

GÊNESIS

O uso político da entrega de ônibus, ambulâncias, viaturas e tudo mais que se possa imaginar, sempre existiu e sempre vai existir. Este nem deve ser o foco da preocupação da mídia ou de outros setores que se fazem fiscalizadores oficiais ou oficiosos.

O que pode ser contestado é a demora para fazer chegar o benefício ao seu destino. Mas isso tem razão de ser: agenda. Isso mesmo, agenda das autoridades para poder entregar a “criança” que foi gestada na intermediação junto ao setor competente.

O prefeito ou o vereador vai até Curitiba ou manda um ofício para o deputado que o representa, dizendo que precisa de uma ambulância para a saúde. O deputado faz o pedido para o governador.

Munido de tantos pedidos, o governador compra um lote bem grande de ambulâncias. Os veículos especiais são entregues para o governador. Ele os alinha todos (Requião gosta disso) em frente ao palácio.

Às vezes chama todos os prefeitos e secretários da pasta atinente ao benefício para Curitiba. Faz um oba-oba e entrega as chaves para o mandatário municipal, devidamente registrado com fotografia da entrega da chave junto com aquele deputado do começo da história. Outras vezes não.

Outras vezes as ambulâncias são buscadas por motoristas, chegam ao município e daí vão para frente das prefeituras para aguardar a agenda dos deputados que farão a entrega. Afinal de contas, aquela “criança” que foi gestada pela intermediação do deputado, tem um pai.

E daí, na entrega no município, existe outros “pais”, geralmente vereadores que podem ter sido os verdadeiros progenitores do “menino” através de uma indicação da necessidade que argüiu junto à comunidade que representa.

Para falar bem a verdade, acho que o grande progenitor é o usuário final que ficou sem transporte na saúde lá na gênese do processo.

Elder Boff