Cotidiano

07.05.2013

GALOPEIA PARAGUAI!

A diferença é crônica, abissal entre o espírito deles e o nosso. Aqui parece que estamos empobrecidos, mesmo rodeados de tantas possibilidades estruturais.

Estive durante quase uma semana visitando irmãos brasileiros que residem no Paraguai há muito tempo.

Participei de pelo menos duas festas, visitei estabelecimentos comerciais e muitas lavouras abarrotadas de milho da segunda e privilegiada safra.

Nós que moramos numa rica região banhada pelo lago e por fortunas de royalties no extremo oeste do Paraná, somos miseráveis perto daquela gente que come poeira o dia inteiro ou se enlameia depois das chuvas.

Com as calças empoeiradas, desfilam suas possantes camionetas pelas estradas de terra que ligam lavouras a mais lavouras.

Numa festa, que já acompanhei pela segunda vez, um ex santa-helenense mostra sua gratidão pelo sucesso conseguido em décadas de luta no vizinho país, pagando uma festança com o foco nos funcionários.

Na festa da igreja, quatro sorteios.

Um carro, um carro, um carro e outro carro. Lá não sorteiam geladeiras, motonetas e televisores. Só carro novo e mais de quatro mil cartelas vendidas ao equivalente a 50 Reais cada.

Lucro de aproximadamente 150 mil Reais para a paróquia. Sorriso largo do padre que já projeta um novo local para o evento em Nueva Esperanza, coberta de brasileiros que se entrelaçam harmonicamente com o povo guarani.

Mas nem tudo são flores.

Tem brasileiro sofrido também, tem paraguaio enciumado e tem malandragem.

Vejam a matéria que fiz, mandada por email e que mostrou a ousadia de ladrões que cavaram o cinematográfico túnel para roubar soja de um silo.

Visitando uma fazenda, paramos para pedir informação e encontramos guardas armados, jovens de 18 anos no máximo.

Fomos recebidos com as mãos no coldre.

Depois ficamos sabendo que haviam matado um funcionário da fazenda que tinha roubado a mulher de um traficante.

Elder Boff