Cotidiano

09.02.2010

FALATÓRIO

 

Quando ocorre uma tragédia no seio de uma família, como a violenta morte da santa-helenense na região Metropolitana de Curitiba, é triste ouvir os comentários que são feitos através de pessoas que nunca viram a moça de perto e nem tampouco conviveram um só segundo no âmago daquela unidade familiar.

Estive ontem conversando durante pelo menos uns 20 minutos com a mãe da moça. No dia anterior ela havia enterrado a filha no cemitério de Santa Helena depois de ficar durante todo o velório debruçada sobre a urna que abrigava o pequeno corpo inerte.

- Os três dias que antecederam esta tragédia, foram os mais felizes que vi minha filha passar! Ela estava radiante, otimista e muito alegre, disse a mãe. Seus problemas de ordem psicológica haviam dado lugar a momentos de extrema satisfação e planejamento futuro, complementou.

Ficou combinado que ela iria para a praia com o carro da família. Havia conquistado este direito dado ao seu comportamento nos últimos tempos. Durante o trajeto, ligava várias vezes para a mãe, dizendo que estava ótima e dando inclusive a localização.

A última ligação foi por volta de 20h30 do sábado. – Mãe, vou comer uma pizza, estou com fome... Foram suas últimas palavras ao telefone. Depois, só a notícia tenebrosa que uma genitora jamais gostaria de ouvir.

Se por ventura alguém cometeu algum tipo de erro ou deslize no passado, acaba pagando pelo resto da existência, principalmente quando esta mesma existência acaba abruptamente da forma como o foi com a moça.

- Não precisavam ter feito isso, uma execução! Uma menina frágil que nem a minha, com um tapa mais forte, tombaria, mas as minhas orações valeram, tentaram carbonizá-la e o fogo não se alastrou.

-Só peço a Deus que ela esteja no céu, que Ele tenha atendido todas as minhas súplicas e como todos temos pecado, que ela tenha tido o tempo para pedir a piedade divina. Isso, somente isso é que me conforta verdadeiramente!

Elder Boff