Cotidiano

20.08.2009

ESTRELA SOLITÁRIA


Abri este espaço nesta semana, falando na pedra no sapato de salto em razão da saída da senadora Marina Silva do PT, que era iminente e acabou se confirmando ontem. Por enquanto, o quadro sucessório nacional se desenha com pelo menos três mulheres advindas do seio petista e José Serra do PSDB, deve mesmo comemorar.

 

Marina saiu flutuando do PT, tal e qual uma pena assoprada de cima de uma mesa. Seu pouso deve ser suave no PV, de onde não será mais obstáculo ambientalista à fúria por vezes necessária do agrobusiness, afinal de contas, respiramos o ar, mas não comemos árvores.

 

A senadora sai de forma bem diferente do que aconteceu com Heloísa Helena e Luciana Genro, que saíram atirando contra o partido do presidente e fundaram o PSOL que se tornou uma das mais combativas agremiações ao jeito Lula de ser e governar.

 

Como Dilma Rousseff continua sendo a preferida de Lula para a sucessão, Heloísa Helena parece não arredar o pé de uma candidatura e Marina Silva deu até sorrisos (o que é raro) ante a possibilidade de uma empreitada eleitoral ao maior cargo político do país, José Serra e os tucanos comemoram.

 

De quem a senadora tiraria votos? Poucos do PSDB. O perfil dela de seringueira, colega de Chico Mendes e histórico humilde de empregada doméstica que ralou, pode cair nas graças do eleitorado mais simples que soma a maioria dos votos.

 

Um imbróglio para as pretensões do PT continuar no poder a partir de 2011. Mas será que o Lula quer mesmo vencer as eleições, fazer o sucessor, ou no caso, a sucessora? Ou quer continuar sendo a estrela solitária e blindada do universo petista para voltar em 2015?

Elder Boff