Contando Histórias
30.07.2014
ENTREVISTA COM WILLIBALDO AFONSO NEIFS, PIONEIRO DE SANTA HELENA
Willibaldo Neifs nasceu no dia 16 de outubro de 1920. Atualmente está com 93 anos de idade. Natural da cidade de Montenegro, Rio Grande do Sul, é integrante de uma família de 14 irmãos sendo 09 homens e 05 mulheres. Destes, somente ele e uma irmã, que reside na Argentina, ainda vivem. Casou-se com a senhora Salda Neifs no ano de 1948, desta união nasceram 06 filhas e 01 filho. Muito lúcido e brincalhão ele disse: “João, sou uma pessoa sem sorte, porque minha esposa não foge de casa, não quer me deixar e o pior, não morre, assim sou obrigado continuar cuidando da mulher!” (risos).
Mudou-se para Santa Helena em 1963, residindo primeiramente na Esquina Rosa, exercendo a profissão de agricultor. Entre os anos de 1978 a 1984 morou no Paraguai, porém mantinha contato permanente com Santa Helena, inclusive na época das eleições políticas no Brasil vinha votar em Santa Helena. Em 1985 retornou a Santa Helena fixando residência na localidade de São Roque (distrito) onde continua até a presente data.
Segundo conta Willibaldo, ele aprendeu a falar o português aos 18 anos de idade quando foi servir o exército brasileiro na cidade de Santa Rosa (RS). No ano de 1941, em razão da Segunda Guerra Mundial estar em curso, foi novamente convocado para o alistamento militar como reservista de 1ª Categoria no município de Montenegro (RS) e incorporado ao exército no ano de 1942, conforme documento do Ministério da Guerra nº 354819. Na iminência do Brasil envolver-se diretamente no conflito (como veio a acontecer) e da necessidade de encaminhar para o front europeu soldados brasileiros, o pelotão de que Willibaldo fazia parte foi transferido para o batalhão da cidade de Alegrete (RS), pois facilitaria e agilizaria o deslocamento para a Europa, se necessário.
Ele integrou o exército por 3 anos e 4 meses e acredita que não foi para a Guerra, pois mantinha um ótimo relacionamento com os comandantes, sendo muito obediente aos seus superiores. Do batalhão de Alegrete muitos amigos e colegas seus foram para o campo de combate na Europa. Não sabe ao certo quantos morreram, mesmo assim conheceu amigos que voltaram ao Brasil mutilados, inclusive seu primo, que ficou sem um dos braços, outros voltaram sem uma das pernas. “Era doloroso e triste ver pessoas tão novas em tal situação. Mas é a missão de um soldado”, relatou ele.
Em janeiro de 1945, Willibaldo desligou-se do exército e voltou a morar em Santa Rosa (RS). Exerceu várias profissões, além de agricultor, foi também pedreiro, carpinteiro, ferreiro, oleiro, marceneiro, comerciário, alfaiate... Ao chegar a Esquina Rosa, em 1963, chegou até a ser parteiro e possibilitou o nascimento de crianças. Auxiliou voluntariamente no levantamento de igrejas e escolas nas comunidades onde residiu. Apesar da idade avançada, o Sr. Willibaldo demonstra muita disposição, lucidez, e adora falar sobre sua história. Mesmo tendo sofrido nestes últimos 10 anos, três cirurgias de olhos, continua costurando algumas roupas para a família e consertando as que estragam. Sua residência é cercada de muitas árvores, que por ele são cuidadas.
Um relato de seu Willibaldo que nos serve de ensinamento, é de quando foi realizar uma das cirurgias a que foi submetido. Contou ele que disse ao doutor que o que mais gosta é de trabalhar para o futuro. O médico perguntou-lhe o porquê desta preocupação: “Não estou preocupado com a minha pessoa, mas com o futuro das outras pessoas, tudo que eu puder fazer de bom hoje, outros desfrutarão no amanhã”.
O professor Joãozinho quis saber do Sr. Willibaldo, qual é o segredo de se viver por muitas décadas e com vitalidade, ao que ele respondeu: “Acreditar e ter muita fé em Deus, viver com alegria, mesmo enfrentando muitos obstáculos na vida, gostar de estar no meio do povo, de gente”, concluiu.
“Agradeço ao Sr. Willibaldo e a sua filha Sra. Neca e ao genro Romeu por esta entrevista, que ocorreu na residência da família na quinta-feira, 07 de novembro de 2013. Foi mais um ótimo aprendizado que tive através da nossa conversa e compartilho com a sociedade santa-helenense” finalizou o professor João Rosa Correia.
Professor João Rosa Correia/Correio do Lago
Professor João, Seu Willibaldo e a filha Neca
Professor João, Seu Willibaldo e o genro Romeu