Contando Histórias
13.09.2014
Entrevista com o casal: “Marino Ribeiro” e esposa Teresinha da Rosa Ribeiro. Pioneiros da Linha Guarani, de Sub-Sede, Santa Helena
Na segunda-feira 18 de agosto de 2014 o professor João Rosa Correia, da Escola Estadual Graciliano Ramos – Ensino Fundamental Séries Finais e do CEEBJA de Santa Helena, entrevistou o casal de pioneiros de Sub Sede Sr. Valdemar Ribeiro, conhecido popularmente naquela localidade por Marino Ribeiro e sua esposa Sra. Teresinha da Rosa Ribeiro. A entrevista ocorreu na residência dos entrevistados situada à Rua Paranapanema S/N, centro daquele distrito de Santa Helena Paraná.
O Sr. “Marino”, como irei chamá-lo nesta reportagem, por ser assim conhecido em Sub-Sede, iniciou seus relatos apresentando os nomes de seus pais: João José Ribeiro e Cesarina Ribeiro. A família de Marino era composta de 11 irmãos e residiam no município de Venâncio Aires RS. Trabalhavam na agricultura. As origens dos familiares de Marino são diversificadas. Ele mesmo disse, “a formação de nossa parentada é uma enorme mistura de raças” (etnias). Marino nasceu no dia 29 de agosto de 1936 no município de Santa Rosa RS. Seu pai faleceu quando ele tinha um ano e meio. Ainda criança, perdeu a mãe aos 12 anos de idade. Desorientado pelo falecimento de seus dois genitores, relata que teve que lutar sozinho para sobreviver. Passou a morar com os irmãos mais velhos, ora na casa de um, ora na casa de outro. Diz ter sofrido muito em razão de tais circunstâncias. Isto obrigou-o a começar a trabalhar nas lidas do campo ainda muito novo.
Neste contexto ficou sem frequentar a escola. Porém, mesmo sendo criança, vivendo numa época em que pouca importância se dava aos estudos, Marino sonhava manuseando livros e cadernos. Diante disso, não deixou esmorecer a chama do desejo de aprender a ler e escrever. Para que isso viesse acontecer, procurava nos momentos de folga, folhar os livros que encontrava nas residências em que estivesse morando. Com dificuldade, mas aos poucos aprendeu soletrar as palavras, e assim conseguiu adquirir pelo menos o básico para se defender no campo da leitura e escrita. Acredita Marino, se assim não o fizesse, certamente seria um analfabeto na totalidade. Sua esposa Sra. Terezinha frequentou os bancos escolares até o segundo ano do antigo primário, em Tucunduva no RS. Disse ela que a escola que frequentava ficava distante de sua residência a uns sete a oito quilômetros, o que dificultava deslocar-se até a instituição de ensino para prosseguir os estudos. A uma menina, tal situação tornava-se ainda pior naquelas épocas.
O tempo foi passando. Marino torna-se rapaz, começa a preocupar-se na formação de uma família. A partir de então, o dinheiro que ganhava trabalhando na agricultura, procurava poupar o máximo possível com a finalidade de adquirir uma propriedade agrícola que pudesse lhes trazer alguma segurança após contrair matrimônio. Nesta luta, conseguiu comprar um sítio no município de Tucunduva RS. E naquela localidade conheceu Teresinha da Rosa. Ambos professavam e ainda professam a fé católica. Após algum tempo de namoro, casaram-se em Tucunduva no dia 09 de abril de 1960. Desta união matrimonial tiveram 03 filhos.
No dizer de Marino, Tucunduva na época era puro mato. Completou, para que se faça ideia, uma viagem de carroça entre Venâncio Aires a Tucunduva demorava dez dias. Por estarem a pouco tempo casados, o que realmente motivou Marino deixar o RS para vir fixar residência na região oeste do Paraná?
Vejamos o que ele explicou: naquela época o que se ouvia falar em boa parte do Rio Grande do Sul era sobre as ricas terras do oeste paranaense. No entanto não passava na sua cabeça deslocar para uma região tão distante. Segue relatando, a pessoa que influenciou a vinda do casal para Sub-Sede foi o sogro, Sr. Manuel Narciso da Rosa. A família como um todo não tinha interesse em sair do RS. Numa jogada de mestre, Manuel comentou com a família que iria vender umas madeiras que possuía e que talvez necessitasse ausentar-se por uns dias de casa até que conseguisse negociar aquele produto. Passados alguns dias sem dar notícias aos parentes, começaram a preocupar no que poderia ter acontecido com Manuel. A família começou conversar com vizinhos, amigos, a respeito de Manoel, alguém disse que ele confidenciou, “estou me dirigindo para Santa Helena, no oeste do Paraná, numa localidade conhecida por Sub-Sede”. Marino, sem conhecer a região, prontamente veio para saber do paradeiro do sogro. Sua parada foi na rodoviária de Santa Helena (atualmente Hotel do Ervésio na Avenida Brasil). Ao desembarcar na rodoviária resolveu perguntar a um senhor que ali passava se ele conhecia Sub-Sede, ele disse que sim e inclusive possuía um comércio naquele lugar e que estava retornando para lá (atualmente onde está à residência e comércio de Moacir Draghetti e família). Marino sentiu aliviado. Pensou com ele mesmo: agora estou em casa. Mais tarde ficou sabendo o nome deste senhor: Jair Pedro Benacchio (pai de Jenecir Benacchio proprietário da Gráfica Benacchio).
Ao encontrar o sogro Manoel e entusiasmado com os encantos da região e de posse de uma área de terra na Linha Santo Antônio, conhecida também por Morro dos Setes Pecados (posse - terra que não dispõe de documentação oficial e assim fica o “posseiro/proprietário” impossibilitado de realizar escritura pública). Isso fez com que Manoel convencesse Marino transferir residência para Sub-Sede. Nesta circunstância o Senhor Marino negociou uma posse de terra de nove alqueires (um alqueire paulista – corresponde a vinte e quatro mil e duzentos metros quadrados de terras) de outro posseiro por nome de Antoninho Vanderlei, na Linha Guarani. Para localizar geograficamente aquela área, fica aproximadamente a uns quinhentos metros da ponte sobre a Sanga Barroca. Assim que começa a subir o primeiro morro da Linha Santo Antônio. Aquelas terras atualmente pertencem a três agricultores: Bottega, Figueiredo e Antônio, todas legalizadas. Até porque no oeste do Paraná não existem mais terras em litígios.
Marino volta sozinho a Tucunduva, relata os acontecimentos aos seus familiares. E coloca à venda seu sítio. Foi um corre-corre enorme para que Marino conseguisse vender sua propriedade em Tucunduva. Concretizada a negociação da propriedade, Marino contrata, no dia 02 de setembro de 1963, o dono de um caminhão para transportar a mudança da família e rumam com destino a Sub-Sede, passando por Foz do Iguaçu.
Desembarcam em Sub Sede no dia 05 de setembro de 1963. A sogra Maria Antônia continua morando em Tucunduva nas terras do casal que neste momento não foi negociada. De acordo com Marino ao chegar a Sub-Sede com a mudança, foi obrigado a descarregar seus pertences domésticos na Praça Central, porque não havia estrada de acesso até as terras apossadas. Em razão disso contratou algumas pessoas para auxiliar na abertura de uma picada de aproximadamente 800 metros até sua nova morada. Picada aberta, Marino contratou o dono de um carroção de bois para que transportasse os utensílios domésticos que havia deixado na praça até sua propriedade. Outra dificuldade encontrada na época relaciona-se aos ataques de borrachudos. Pois ao coçar sobre as picadas dos insetos seja nas pernas, braços e orelhas, enfim, a pessoa acabava ficando em carne viva. Na época o casal tinha uma filha pequena, Sirlei, a que mais sofria com os ataques daqueles insetos. Era horrível, referenciam Marino e Teresinha.
Após assentar-se nas terras, Manuel pediu a Marino que retornasse a Tucunduvas e que este vendesse a propriedade que lá deixou e trouxesse a Sra Maria Antônia da Rosa (sogra). No dizer de Marino, o sogro Manoel era um homem rude, bem cabeçudo. Em vez de o próprio Manoel voltar a Tucunduva para buscar a esposa Maria e vender os bens que tinham naquele município, pediu ao genro que fizesse isso por ele. Assim, Manuel ficaria cuidando da filha Sra Teresinha, da neta Sirlei e das terras dele e do genro. A esposa de Marino, Sra Teresinha trancou o pé e disse que naquele sertão não iria ficar sem a companhia do esposo. E, assim o casal volta a Tucunduva seguindo o itinerário: Sub-Sede, Marechal Cândido Rondon, Cascavel, Capanema e Tucunduva. A viagem durou três dias. Ao chegar a Tucunduvas, Marino consegue logo em seguida vender os bens do sogro. Negociações encerradas, Marino e família voltam a Sub Sede.
A partir daí inicia a derrubada das matas de sua posse. Plantava feijão, milho, arroz entre outros produtos e criavam algumas cabeças de porcos, galinhas e vacas de leite e assim ia alimentando a família. Marino sabendo das arbitrariedades e atos cruéis que os jagunços faziam com os posseiros e suas respectivas famílias, ele e a esposa Teresinha procurava estar sempre preparados com armas de fogo, foice e machados para uma eventual defesa se assim necessitasse.
As constantes desconfianças em que viviam o casal de posseiros a respeito de possíveis ataques de jagunços se concretizaram. Marino e esposa acabaram sendo alvos deste pessoal. Logo no início do ano de 1964 chegaram à residência do casal dois jagunços, um deles conhecido pelo apelido de Baiano, de nome Domingos e sem muita conversa, começou a indagar Marino: com ordem de quem ele estava ali e, além disso, derrubando as matas? No que respondeu Marino! Dê ninguém. Remenda Baiano, preciso saber seu nome? Não tenho nome, retrucou Marino. Baiano, cadê seus documentos? Marino, não tenho documentos! Baiano, como assim? No que responde Marino, claro que tenho documentos, mas não para lhe mostrar! - alfinetou o posseiro. Continuou Marino, vocês que alegam ser os legítimos proprietários destas terras, mostrem os documentos oficiais garantindo que são realmente os donos dessas áreas. Terei o maior prazer de quitá-la e assim registrar em meu nome. Falei isso e com firmeza ao jagunço Baiano, disse Marino. Baiano aparentando descontrole exige que Marino o acompanhe até Loan do Oeste (assim era denominado São Clemente pelos jagunços e grileiros). Mais uma vez de forma incisa e sem demonstrar medo, Marino responde: “não o acompanharei e não saio deste lugar, e ninguém me leva” - retrucou Marino. A esposa Teresinha ao lado acompanhava toda a conversa. Porque levá-lo a Loan do Oeste (São Clemente)? Pois lá estava o centro administrativo dos grileiros de terras da Linha Santo Antônio, Linha Guarani e São Clemente. Se Marino se rende ao apelo de Baiano, só Deus sabe o que poderiam ter lhe aprontado durante o trajeto. Se é que conseguisse chegar a Loan do Oeste. Porque não eram raros os casos de assassinato de posseiros pelos jagunços nestes sertões do Paraná quando não saíssem das terras ocupadas pelo posseiro, ressalta Marino.
De acordo com Marino, esta “discussão” entre ele e Baiano aconteceu num sábado (1964). Devagar os jagunços abandonaram o pátio da residência. Naquele mesmo dia Marino relatou o acontecido ao seu sogro Manoel que no momento da conversa encontrava-se pescando no Rio Paraná. Na segunda-feira seguinte, Baiano foi até a residência de Manuel (Linha Santo Antônio) para encontrá-lo. Baiano disse a Manoel que no sábado teve uma conversa com Marino a respeito das terras que ele havia apossado. E que tinha ido à residência de Marino para que ele desocupasse as terras, mas que Marino foi áspero no diálogo. Como Manoel já sabia do fato radicalizou ainda mais a situação, e emendou: é só vocês deixarem nós trabalhar em paz, que tudo se tranquiliza do contrário, as coisas só tendem a piorar. E a situação piorou mesmo.
Os Jagunços continuaram incomodando, e muito, os posseiros da região oeste do Paraná. Viviam pressionando insistentemente os posseiros para que estes desocupassem as terras. Descreve Marino que era comum um posseiro ser visitado por cinco grupos diferente de jagunços em um pequeno espaço de tempo, dizendo que aquelas terras lhes pertenciam e que para permanecer naquela área restavam-lhe três saídas: pagando pela posse da terra ou se assim não fosse, restaria desocupá-la ou a morte por assassinato. Houve casos que posseiros pagou as cinco vezes aos grileiros, através de simples contrato, sem nenhuma validade jurídica. Os posseiros não tinham a quem recorrer. Forças policiais não existiam para defender os indefesos posseiros dos ataques impetuosos e brutais dos jagunços. Marino acrescenta, havia um bom número destes perambulando na região, espalhando terror aos agricultores. Os posseiros estavam à mercê da própria sorte. Restava aos posseiros da região organizar-se por conta própria para defender suas vidas, as famílias e as terras aposseadas. Inclusive Marino e mais alguns vizinhos seus chegaram a preparar-se para um combate que estava prestes a acontecer na Serra dos Setes Pecados contra os jagunços. Porém, conversaram entre si e acharam melhor esconder-se no mato até passar aqueles momentos difíceis, do que arriscar a pele em tal façanha.
Conforme Marino, o seu sogro Manoel participou de alguns conflitos armados na região contra os jagunços. Lembra que um dos movimentos armados ocorreu na região do Braço do Norte (São Clemente) em que Manoel fez parte na batalha. Neste enfrentamento morreu um posseiro muito jovem (Marino não recorda seu nome). No entanto, vários jagunços tombaram durante aquela batalha. Os posseiros-agricultores usaram de emboscadas contra os jagunços e assim foi possível executá-los com mais facilidade. Era o que falava Manoel ao genro Marino a respeito deste episódio. Esta tragédia anunciada tornou o assunto de mais destaque na região por um bom tempo, relembra o entrevistado. Manoel ao voltar para casa após os combates estava praticamente nu, mais parecia um andarilho de rua. Muito esquisito ver aquela pessoa naquele estado, relembram Marino e Teresinha. Manoel, por ser um homem de muita coragem e que enfrentou os jagunços, tornou-se uma pessoa visada pelos grileiros de terra. A partir da batalha na região do Braço do Norte (Posseiros x Jagunços), a situação piorou para Manoel. Sua cabeça estava posta a “prêmio”. Passou a sofrer constantes perseguições de jagunços.
Cansado desta luta, e com receio de morrer assassinado nas “mãos” daquele pessoal (1965) vendeu a posse da terra (Linha Santo Antônio) por um mil e quinhentos cruzeiros (dinheiro da época) divididos em três parcelas iguais. Somente recebeu a entrada e retornou a Tucunduva, RS. Faleceu há uns três anos atrás, afirma Marino.
Quase no final da década de 1960, as forças militares do Paraná e o exército começam a intervir nos conflitos agrários da região, o que amenizou as lutas entre posseiros e jagunços. Ao mesmo tempo iniciou-se a regularização das terras pelo INCRA – Instituto Nacional de Colonização Rural Agrária. Em meio aos constantes conflitos impostos pelos grileiros de terras e, além disso, as dificuldades enfrentadas pela falta de estrada, escola, hospitais e igreja, os posseiros da Linha Guarani, Santo Antônio (Sub-Sede/São Clemente) não desanimavam, pelo contrário, buscavam auxílio entre si para amenizar os problemas do dia-a-dia.
Em se tratando de fé religiosa, os vizinhos reuniam-se na casa de um colono e ali professavam sua crença. Se o encontro ocorresse durante a noite, por não haver estrada de acesso à residência, e sim estreitas trilhas abertas no mato, ora pulando árvores caídas ao chão, os agricultores se obrigavam improvisar uma tocha embebecida de óleo diesel e ou querosene como forma de iluminar o caminho. Assim mantinham a fé viva em seu Deus e com isto encontravam mais força para suportar os embates diários pelos quais estavam submetidos. Outros momentos de fazer novas amizades e ou estreitar as já existentes, aconteciam nas caçadas de animais silvestres e durante as pescarias, que por sinal eram abundantes naquela época.
Marino revela que gostava de caçar e pescar, porém, em razão dos intensos trabalhos no campo: derrubar as matas, preparar o solo, plantar as sementes, limpar a plantação, cuidar dos animais domésticos, mesmo com o auxílio da esposa Teresinha, sobrava pouco tempo para este tipo de lazer. Quando os serviços do campo davam-lhe uma “folga” aproveitava para realizar alguma caçada, bem como pescaria. Em uma das pescarias que realizou no Rio Paraná (conhecido também por Paranazão, antes da formação do Lago de Itaipu -1982) pescou um Jaú de 64 quilos. Precisou ser transportado por uma carroça até a sua residência. Continuou comentando Marino, que naquela época não tinha energia elétrica, portanto nem geladeira, com isso estragava rapidamente a carne de peixe. Restava ao pescador/agricultor fazer uma espécie de sopa para alimentar os porcos, e foi assim que Marino consumiu a carne do enorme Jaú. Marino revelou também que no início da colonização a maioria dos agricultores não sabia preparar a carne de peixe de couro (abundante no Rio Paraná). Ficava muito gorduroso, o que comprometia a qualidade do alimento. Mas com o tempo os agricultores/pescadores aprenderam a lidar com esse tipo de pescado, tornando a carne de peixe um dos pratos prediletos na mesa dos trabalhadores rurais.
Outro divertimento no qual os agricultores/posseiros apreciavam eram os bailes, tendo como animador um sanfoneiro com seu acordeon. No início da colonização, por não terem um salão apropriado para realizarem as festas, as danças aconteciam em pequenos e rústicos galpões, sendo a iluminação por meio de lampiões movidos a querosene. Este tipo animação colaborava para rejuvenescer o corpo e a alma dos agricultores das árduas tarefas do campo.
Entre meio às alegrias e sofrimentos, Marino e esposa no ano de 1973 resolvem vender a propriedade (posse) na Linha Guarani para Aldino Seibel. Com o dinheiro da venda de suas terras, adquiriram dois alqueires que fazia limite com o perímetro urbano de Sub-Sede. E ali residiram até o ano de 1982, quando foram indenizados para que suas terras fossem cobertas pelo Lago de Itaipu e ou servissem como reserva florestal de Itaipu. No mesmo ano (1982) negociou uma chácara no distrito de Moreninha e lá permaneceu trabalhando na lavoura até 1986. Vende a área agrícola em Moreninha e retorna a Sub-Sede. Compra um bar/lanchonete (onde hoje está a lanchonete do Dáusio) e paralelamente a este comércio adquiriu também uma chácara de três alqueires na Linha Aparecidinha, interior de Sub Sede. Marino mudou-se para aquela propriedade com a esposa Teresinha. Lá deu continuidade aos trabalhos na lavoura. O bar cedeu aos filhos e estes ficaram na responsabilidade de tocar o empreendimento. Recorda Marino, foi justamente na época que comprou o bar/lanchonete que iniciou o asfalto ligando Sub-Sede a São Clemente. Período de ótimos negócios, haja vista que o bar diariamente servia alimentos a oitenta pessoas (café, almoço e janta) aos trabalhadores que executavam serviços no asfalto. Passados os momentos bons de negócios no bar, a família não mais queria continuar trabalhando com aquele ramo. Marino vende o empreendimento e a chácara na Linha Aparecidinha e volta a comprar outra chácara na Linha Guarani e mais onze lotes urbanos no centro de-Sub Sede.
Por motivos de doenças na família, viu-se obrigado a vender a chácara e também alguns lotes. Dos onze restam ainda seis terrenos e duas casas, onde atualmente reside Marino e Teresinha e na outra residência uma de suas filhas (Neca). Apesar da idade avançada do casal e com saúde fragilizada, cuidam da residência, que por sinal demonstra sempre organização. E, para não perder os vínculos com a terra que foi e continua sendo a razão de suas existências, mantém uma enorme horta nos lotes que os pertencem. Inclusive doa constantemente hortaliças aos parentes e a vizinhos e amigos. Ainda sobra tempo e força, para criar uma cabeça de gado bovino para o abate no fundo de um de seus terrenos, sem que isto prejudique a vizinhança.
Marino e Teresinha não dispõem de fotografias da época, porque segundo eles no ano de 1965, passou um vendaval que derrubou a moradia. Com isso perderam os documentos familiares e os registros históricos que possuíam. Tiveram que voltar a Tucunduvas, RS, para retirar segundas vias de seus documentos. Restaram alguns instrumentos de trabalho daquela época, que usavam nas lidas do campo, fotografos por mim, professor João Rosa.
Mensagem de Marino e Teresinha:
“Pare e pense no que for fazer. Concentre-se, não vá na conversa dos outros. Concentre-se nas coisas boas, se assim fizer, certamente você se dará bem na vida”.
Agradeço ao Sr. Marino e a Sra. Teresinha pela entrevista. Pessoas que aprendi a admirar pela coragem, força de vontade e determinação em superar as inúmeras adversidades que aqui tiveram que enfrentar no início da colonização de Sub Sede. Casal de aparência frágil fisicamente, no entanto, fortes como aroeira na superação dos obstáculos enfrentados. Isso foi possível graças à perseverança e ao uso da inteligência. Só os sábios são capazes disso. E, não tenho dúvidas que os relatos proferidos por vocês certamente enriquecerão ainda mais a rica história de nosso município.
Prof. João Rosa Correia.
Nome de registro de nascimento Valdemar Ribeiro, popularmente conhecido por Marino Ribeiro e a esposa Teresinha RibeiroMarino Ribeiro
Teresinha Ribeiro
Teresinha Ribeiro
Prof. João e Teresinha Ribeiro
Vista parcial da entrada de Sub Sede. Via S.Helena
Local em que ficava o Bar de Jair Pedro Benacchio em 1963. Sub Sede SH
Vista parcial da entrada de Sub Sede. Via S. Clemente
Vista parcial da Praça Central de Sub Sede. Local que em 05 de setembro de 1963 Marino deixou a mudança
Vista parcial em que aparace ao fundo o Morro Sete Pecado - Linha Santo Antônio. Sub-Sede
Vião mais próxima do Morro Sete Pecado. Linha Santo Antônio Sub Sede
As terras mecanizadas que aparecem margeando o lado direito e esquerdo da estrada, partes destas terras era a posse de Marino Ribeiro (Linha Guarani 1963 SubSede). Morro Sete Pecado
Ponto de partida - Rio Barrocas) em que Marino abriu picada (1963) para chegar na propriedade aposseada
Próximo à granja que aparece, Marino fixou residência em 1963 e lá residiu até 1973
Rio Barrocas (Linha Guarani - foto 31 - 08 - 2014
Mata ciliar. Proteção ao Rio Barrocas
Vista ampliada Mata Ciliar - Proteção ao Rio Barrocas. Conhecido também por Sanga Barroca
Moedor manual utilizado pela família de Marino na época da colonização para moer cereais
Plantadeira Manual. Utilizada pela família de Marino na época da colonização
Machado que família de Marino usava e ainda usam. Dizem que este artefato é do início da colonização
Rastelo do início da colonização. Ainda usado para o mesmo fim pela família de Marino
Ferramenta que aparece na foto, conhecida como Gadanha. Instrumento agrícola em que Marino usava antigamente no corte de feno (alimento animal)
Partes de uma canga de boi. Material que Marino utilizava para atrelar os animais para o trabalalho na agricultura
Utensílios domésticos usados no passado pela família de Marino (chaleira e ferro de passar roupas)
Observem a direita da foto. Aparece um artefato indígena. Instrumento usado por eles para cavar raizes, entre outros fins. Material achado pela família de Marino na L. Guarani
Vista parcial da residência de Marino e Teresinha em Sub Sede
Marino com um chicote na mão. Utilizava para conduzir os animais no trabalho do campo
Vista de outro ângulo da residência de Marino e Teresinha em Sub Sede SH
Marino e Teresinha observam sua horta
Visão ampliada da horta de Martino e Teresinha