Cotidiano

05.11.2009

DRAMA

Acompanhei de perto os momentos dramáticos da recolha do corpo do pescador assassinado com uma saraivada de tiros ontem na Linha União, interior de Santa Helena.

Ao chegar no local, o filho mais velho (16 anos) de Otavio Clemente Pedroso de 46 anos estava tentando entender o que aconteceu com o seu pai.

Já era escuro, lá estavam dois policiais militares, o pessoal da funerária, alguns vizinhos e aquele jovem com muitas exclamações e interrogações na cabeça.

Fui conversar com ele utilizando o mínimo de palavras possível, pois nestas horas, não adianta muita conversa. O guri me reconheceu e disse que esteve no meu gabinete quando eu exercia a função de vereador.

Foram ele e seu pai, pedir ajuda para se deslocarem até outro município, no enterro da sua avó, mãe de Otavio. Confesso que nem lembrei desta história, tantas foram as pessoas que ao longo de 6 anos na câmara e quase dois na "Saúde", a gente intermediou algum tipo de ajuda.

O drama vivido por esta família parece não ter fim. O Conselho Tutelar que o diga. A mulher do falecido, o abandonou com quatro crianças há uns sete anos.

O rapaz que achou o corpo de seu pai jogado no mato depois de levar vários tiros, tinha apenas nove anos e sua irmã mais nova, na época do abandono da mãe, tinha apenas sete meses de vida.

Imaginem o que será destas crianças e adolescentes. Nesta hora é que o papel da assistência social, Conselho Tutelar e outros organismos é preponderante. Que Deus possa dar luz a estes órfãos da miséria em meio à riqueza de um município como Santa Helena.

Elder Boff