Cotidiano
19.10.2009
DE UMA MÃE PARA OUTRA!
Já que estou reproduzindo alguns emails de leitores de ontem para cá, aproveito a bondade do professor Ailton de Brito para reproduzir este que é muito interessante:
É um carta de uma mãe para outra:
Vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a transferência do seu filho,
menor infrator, das dependências da FEBEM em São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior
do Estado.
Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das
dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes
decorrentes daquela transferência.
Vi também toda a cobertura
que a mídia deu para o fato, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma
situação que você, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de Defesa de
Direitos Humanos, ONGs, etc...
Eu também sou mãe e, assim, bem posso
compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro. Enorme é a distância que me separa do meu
filho. Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para
visitá-lo.
Com muito sacrifício, só posso fazê-lo
aos domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da
família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha, para mim, importante
papel de amigo e conselheiro espiritual.
Olhe, você ainda não sabe,
sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma vídeo locadora, onde
ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.
No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo carícias no seu
filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério da
periferia de São Paulo...
Ah! Ia me esquecendo: e também ganhando
pouco e sustentando a casa, pode ficar tranqüila, viu? Que eu estarei pagando de novo, o colchão que
seu querido filho queimou lá na última rebelião da Febem.
No
cemitério, nem na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante destas ´Entidades´ que tanto lhe
confortam, para me dar uma palavra de conforto e talvez me indicar ´Os meus
direitos’!´