Cotidiano
21.06.2011
BOTINA MOLHADA
Bon vivant ele sempre foi, pelo menos desde que o conheci. Unanimidade, jamais. Nunca foi e nunca desejou ser.
Homem de opinião forte, um teimoso. Dono de uma memória infalível, ainda mais quando se tratava de lembrar o nome de pessoas da sua convivência de infância e da juventude.
Dr. Duca sabia de cor, mesmo com a cabeça sofrendo os horrores da amônia em ebulição em função da doença no fígado, a escalação do Inter nos idos dos anos 1950, 60. Sabia também do Grêmio.
O homem era até discreto, mas sua discrição aflorava. Além de causídico de profissão, cujo quadro da turma de formatura em preto e branco exibia no seu escritório com orgulho, lembrando o nome de um por um, era um autodidata.
Leitor assíduo de jornais e revistas, telespectador permanente de noticiários, sabia de tudo um pouco como poucos.
Conhecimentos gerais eram mesmo o seu forte. Para tudo tinha uma opinião e sempre tinha posição. Não tergiversava quando precisava escolher.
Sua postura, mesmo depois da morte, foi de dar pitaco. Sua última “ação” foi depois da branda passagem para a outra dimensão.
Dr. Carlos Esteves, o Duca, interveio e não deixou que a sessão da câmara desta segunda-feira, acontecesse. Ele pisou no estopim com a botina molhada!