Cotidiano

18.10.2010

A VIDA PASSA E CANECA ANDA

Fico imaginando aquele velhinho que recebeu uma caneca no Natal passado e resolveu repassar o seu presente para um parente lá do Rio Grande do Sul.

-Alô, Pedro, tudo bem ai no Rio Grande? – Sim, Joanin, aqui esta meio frio, o tempo não esquenta mais, que coisa né?

- Pois é, mas eu to ligando pra ver se vem alguém visitar a gente agora neste verão. – Olha, a safra do arroz não deu muito boa, o dinheiro da aposentadoria não chega nem pra gente lidar com as contas normais. Sabe, esse negócio de luz, água e o mercado, não é fácil. Acho que desta vez vamos pular a viagem pra Santa Helena.

- Mas tem aquela vantagem das passagens que nós de idade não pagamos. Aproveita e vem. – Pela passagem até não seria problema, mas a questão é a safra de arroz que meu filho planta que foi meio ruim. É o arroz aquele irrigado, mas faltou água naquela sequinha que deu bem na hora “h”.

 

- Então estamos com um pequeno problema. Eu também não vou poder viajar. Vamos ter que resolver uma coisa. – Mas o que é? Sei lá, fico até meio chateado de falar.

- Mas fala, é alguma coisa de doença? – Não... Sabe aquela caneca que te dei de lembrança? – Sim, aquela caneca que a prefeita deu? – Isso. Você vai ter que me mandar pelo correio então. Uns falam que tem que devolver, outros que não. Por via das dúvidas, se prepara pra mandar a dita cuja de volta.

- Joanin. Tem outro problema. – Mas qual Pedro? – Sabe aquele primo, o Matheus, que me visitou lá da Itália no mês passado...


Elder Boff