Cotidiano

07.08.2009

7, 8, 9

7, 8, 9

Volto a tempo de ainda escrever algumas palavras neste dia tão interessante no nosso calendário. Estive em trânsito durante grande parte do dia e acabei não me debruçando sobre o computador, só tive um tempinho de dizer que não anotaria nada, provavelmente.

Beirando a meia-noite não perco a oportunidade de deblaterar tal e qual um parlapatão. Como diria meu amigo tuiuiú: ui!

Escutei estas duas pérolas da nossa lingüística quando pincei o discurso em aparte, do ex-presidente Fernando Collor, quando manifestou sua indignação ao que falava da tribuna o senador Pedro Simon do Rio Grande do Sul, neste debate que se estende sobre as peripécias de Sarney.

Como a língua portuguesa é infinitésima nas suas variantes e sinonímia, fui buscar no meu pequeno auxiliar Silveira Bueno, numa edição atualizada (sic) de 1996, obviamente sem querer me refratar do assunto, já o fazendo, o significado dos xingamentos auspiciados por Collor.

“O senhor está deblaterando como um parlapatão”! Disse Collor a Simon. Deblaterar: falar, com violência contra pessoas ou coisas. Parlapatão: fanfarrão, impostor, mentiroso. Se ele tivesse dito: o senhor está faltando com a verdade em seu pronunciamento, contestaria sem ofender, mas o Collor pegou pesado mesmo.

Pior, como disse o próprio senador Pedro Simon, foram seus olhos de fogo, mirando como um raio laser com a cabeça baixa e a pestana levantada. Aterrorizante para quem viu a cena.

Lembrei-me quando o Collor veio para Santa Helena em sua campanha para a presidência. Diga-se de passagem, deve ter sido o único candidato a presidência a pisar no nosso solo. Desceu de helicóptero no campo do Incas há quase 20 anos.

Na volta do seu comício em frente à praça Orlando Webber,  fiquei na espreita. Sabia que ele voltaria ao helicóptero. Quando ele acabou o discurso, se mandou para o carro e sumiu de volta para o Incas. Nestas alturas eu já estava a postos no campo.

No trajeto entre a cerca até o helicóptero, consegui fazer duas perguntas respondidas por ele. Quando fiz a terceira ele já estava levantando vôo. Seu olhar já era instigante, aterrorizante. Quase pior que o olhar do Requião quando está normal.

Bem para fechar, - acabei até me entusiasmando-, falei na primeira linha deste dia tão interessante. É porque é 7 do 8 do 9. Dia sete de agosto de 2009. Números seguidos de dia, mês e ano que só se repetirão no ano que vem, no dia 8 de setembro!

(Capa da veja na campanha de 89 quando Fernando Collor esteve em Santa Helena)

http://3.bp.blogspot.com/_u0b81TDUJ_k/SJUybr0Z3uI/AAAAAAAAHbc/vvcSuTupqXU/s400/Collor_de_Mello_Cacador_de_Marajas.jpg



Elder Boff