Cotidiano

24.05.2013

46 ANOS

Reedito nas vésperas do aniversário de Santa Helena, um texto que escrevi há exatos três anos.

Estamos vivendo a véspera do quadragésimo sexto aniversário de emancipação político-administrativa de Santa Helena. É aquele momento especial de reflexão sobre o que fomos, o que somos e o que seremos.

Não sou historiador, mas tive que contar no rádio e nos jornais, ouvi em dezenas de entrevistas e li sobre as nossas características nativas, a evolução através dos ciclos distintos, com características muito particulares.

 

Nossa história remonta ao princípio da década do século passado. Foi entre 1910 e 1920 que chegaram os primeiros colonos advindos de São Paulo e depois do Rio Grande do Sul.

 

Os pioneiros conviveram com o tempo da extração da erva-mate e viram de perto as estripulias da Coluna Prestes, cujos integrantes deixaram uma trilha de descontentamento ao carnear animais e até humilhar simplórios colonizadores, história pouco registrada, mas relembrada pelos mais antigos.

 

A região de Santa Helena Velha concentrou as primeiras famílias que fizeram crescer ao redor, localidades bem populosas, como a Vila Celeste por onde passava a estrada empoeirada que ligava-nos até Foz do Iguaçu.

 

Muita gente cansou de ir à Foz a cavalo e até de bicicleta. Poucos tinham veículo. As antigas camionetas vinham aqui buscar porco, ao mesmo tempo em que traziam mantimentos.

 

Os primeiros clarões de lavoura emergiam onde hoje as águas do lago se impuseram. Agricultura de subsistência que durou algumas décadas.

 

A partir de 1950, algumas máquinas já se faziam notar, mas a chamada mecanização agrícola teve um “boom” no final dos anos 60 e até 1980 já estaria definida a grande área cultivável que até hoje perdura.

 

Início dos anos 80 e a Itaipu trouxe uma nova realidade. Muitas famílias foram embora e os primeiros movimentos de sem terra, aconteciam no local onde hoje é a praia. A luta por preços melhores propiciou intensa movimentação.

 

Lembro-me de uma reunião grande no campo do Incas, onde a maioria dos indenizados clamava por preços justos para as suas terras.

 

Contando com São José, havia ao redor de 60 mil habitantes e o número foi caindo vertiginosamente, chegando a pouco mais de 17 mil.

 

Junto com os indenizados em um terço do território, foram embora dezenas de vizinhos e até comerciantes da cidade, que pensavam estar acabando a cidade, num breque de movimentação, pouco vivido por outros municípios.

 

A redenção começaria bem mais tarde com o início da devolução do que foi tirado daqui. Os royalties começavam a transformar a perspectiva. Santa Helena já recebeu muito dinheiro de volta. Criou estruturas, pavimentou todas as suas vias urbanas, construiu postos de saúde, o prédio da prefeitura e diversos outros próprios públicos e atrativos turísticos.

 

Houve incentivo a indústrias, alguns malogrados, clubes de lazer e um porto internacional foi idealizado e incrementado por várias gestões administrativas. Santa Helena ampliou sua área de lazer com a praia e hoje é referência no verão.

 

Mas muito mais precisa ser feito. Está na hora de solidificar o crescimento da cidade, do município como um todo. Talvez trabalhar uma política atrativa para aumentar a sua população e segurar os jovens por aqui, o que não é fácil. Por enquanto, somos uma cidade para poucos.



Estudantes ficam até o segundo grau, com raras exceções. Estamos virando uma cidade de aposentados e de crianças. Será que é essa a nossa vocação? 

 

Caso contrário, ainda existe tempo de reorganizar investimentos, constituindo uma máquina pública com características de município do nosso tamanho, para que sobrem recursos para investimentos no crescimento sólido num tripé desenvolvimentista como a educação universitária, o porto e a agroindústria.

 

(Se quizer ver mais histórias e fotos de Santa Helena, pesquise nas colunas abaixo até chegar em maio do ano passado)

 

Elder Boff