Cotidiano
24.05.2008
2ª QUINZENA MAIO 2008
PÔE IRMÃO NISSO!
Tarcísio Koch acaba de praticar um ato de solidariedade extrema ao doar parte de seu corpo em vida, para seu irmão José Inácio, cuja falência dos rins já estava decretada há tempos.
Juca, como é conhecido José Inácio, fazia hemodiálise constantemente e esta alternativa tem dois ângulos que podemos observar. O primeiro, é que, como as funções dos rins estão paralisadas, uma máquina precisa fazê-lo e desta forma a vida pode ser alongada. O outro ângulo é a reação que o corpo tem em função de uma "invasão" mecânica. Náuseas, tonturas, vômitos e uma tremenda indisposição é algo que já havia virado rotina na vida de Juca.
A CIRURGIA
A operação foi precedida de um complexo conjunto de exames em ambos. Tarcísio e Juca se submeteram a uma verdadeira bateria de exames para comprovar a compatibilidade e constatar a possibilidade do transplante. Foram intermináveis viagens a Cascavel antes do dia "D". A cirurgia realizada no dia 30 de abril, feita pela equipe do Dr. Milton Tanaka da Master Clínica de Cascavel, foi realizada no Hospital Nossa Senhora da Salete e tudo correu dentro do previsto.
RECUPERAÇÃO
Em todas as cirurgias de transplante de órgão, nesse caso de um rim, a recuperação é um pouco traumática e por isso requer internamento posterior em UTI. Tanto doador como o receptor tem que permanecer por um período na Unidade de Terapia Intensiva e foi assim que se procedeu em relação a Tarcísio e Juca. O doador sai do setor de cuidados especiais em aproximadamente 24 horas, enquanto que o receptor, que teve sua imunidade baixada ao extremo para evitar a rejeição do órgão, permanece por mais tempo.
CUIDADOS
O transplantado tem que ter cuidados especiais depois da cirurgia, justamente pelo fator da imunidade. Mesmo depois de Juca sair da UTI, sua permanência no hospital se estende um pouco e as visitas são ultra limitadas. Só parentes bem próximos e ainda todos têm que tomar medidas de cuidados extremos, como lavar a mão abundantemente e colocar máscaras no rosto para evitar a contaminação através da saliva expelida pela respiração. Mesmo depois de sair do hospital, Juca teve que continuar usando máscara, para não correr o risco de alguma infecção que poderia retroceder todo o processo. Com o tempo, a imunidade vai voltando ao normal, como a vida daquele que recebeu o rim, salvo a necessidade constante de tomar remédio, cuja dose também vai diminuindo, até chegar num patamar normalizado.
OS RINS
Acredito que Deus anteviu, ao criar o homem, este tipo de situação. Não é à toa que possuímos dois rins. Com um só, o doador vive tranqüilamente, sem precisar sequer tomar remédios. O receptor tem que ter uns cuidados a mais, mas também tem a chance de levar uma vida normal. Vocês não imaginem a alegria de quem recebe um rim, depois de ter passado por um longo período de hemodiálise. Cada vez que o cidadão vai urinar, agradece a Deus pelo momento. "Ele já urinou"! É a expressão usada pelas enfermeiras para confirmar o sucesso da cirurgia.
NA FRENTE
Os rins estão localizados na região lombar, nas costas e quando é retirado um deles para doação, não é colocado no receptor naquele local. Por incrível que pareça, o órgão é acoplado na barriga, geralmente no lado direito do umbigo. Os dois velhos rins que não estavam funcionando, salvo raríssimas exceções, ficam lá, quietinhos e não são removidos.
GENEROSIDADE
Recentemente, Luis Carlos de Camargo foi agraciado com a dádiva de receber um rim do seu irmão Gerli. Agora, Tarcísio Koch faz o inverso e doa um de seus rins. Exemplos de solidariedade mútua que nos enchem de esperança de ver um mundo melhor, onde a bondade e o amor se sobressaem! (Camargo já está bem, levando uma vida praticamente normal)