Cotidiano

26.04.2008

2ª QUINZENA ABRIL 2008

Em respeito aos meus ouvintes



Tudo tem um começo, um meio e um fim e não é diferente a minha história com a Rádio Grande Lago.

O início

Em 31 de março de 1987; pasmem, passaram-se 21 anos já, foi o meu primeiro dia de trabalho no velho casarão de madeira da Rua Argentina. Meu sonho era trabalhar em rádio e comecei pela redação, nada de microfone. O microfone da rádio, eu já havia utilizado anteriormente. Então, o batismo de fogo, já havia sido feito por obra e graça da benevolência do então presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Helena, Jovenil Antonio Zagonel. Ele fazia o programa semanal da entidade e certa feita (percebendo que eu levava jeito) pediu para que eu o substituísse. Acostumei e engrenei uma pequena temporada fazendo o (programa) semanal do sindicato. Ainda antes de tudo isso, foi numa campanha política que minha voz saiu pela primeira vez na rádio. Se não me engano, na campanha de Francisco Antonio Muniz, que dei um depoimento como jovem simpatizante do ex-prefeito. Voltando ao cerne do assunto, retomando o tópico ensaiado no primeiro parágrafo, da redação para o microfone, foi rápido. Lembro-me que umas pernas de salame anteciparam minha entrada no jornal Rotativa no Ar, o qual apresentaria por quase cinco anos na seqüência. Jota Roberto era o nome de um dos titulares, o outro titular estava de férias. O Jota comprou ou ganhou de um colono, um salame apetitoso e exagerou na dose. Resultado: uma tremenda indisposição estomacal o tirou do ar por alguns dias e não tinha quem colocar no jornal do meio-dia. O Naudé foi falar com o Maneca e disse que não sabia o que fazer. – Bota o Elder, o vi treinando no estúdio "b", acho que ele dá conta. – Mas não vai subir pra cabeça? Tergiversou Prates. – Não acredito, disse Lauro (como chamo o capitão).

O meio

Na rádio fiz quase de tudo, só não mexi com técnica de som e nem tampouco com transmissores. Dos programas, cujos nomes permanecem até hoje, fiz praticamente todos. Lembro-me da dureza da temporada abrindo a rádio, fazendo o Alvorecer de Minha Terra. Uma vez cheguei atrasado no programa, estava dormindo dentro do estúdio com a luz apagada e o operador não percebeu. Acho que tinha ido a um baile e resolvi ir direto para o programa. Apresentei um tal de Plantão Policial (argh) e entrava falando bravo contando a desgraça dos outros. Fiz o Grande Lago Show, não por muito tempo, fiz o Painel Esportivo, sempre li os avisos e até apresentei o programa da cooperativa quando estive fora da rádio e morava em Medianeira. O Tarde Alegre, o Onda da Alegria, o Festa no Lago (hoje Sertão e Pampa) e o Paradão Sertanejo, espaço noturno que foi o primeiro programa sem ser jornalístico, que apresentei. Era o Comando da Noite, romântico, quase meloso. Mas a marca registrada estava nos programas jornalísticos, nas reportagens com a unimóvel e o Grande Lago Entrevista, programa que marcou época e era apresentado aos domingos ao meio-dia, sempre com um entrevistado respondendo a uma hora de perguntas. Há cerca de 13 anos, nascia o programa homônimo, que durou até janeiro deste ano. Paralelo a tudo isso, principalmente nestes últimos 13, 14 anos, as vendas também fizeram parte do meu trabalho junto à emissora.

O fim

Até um ano e pouco atrás, quando desenvolvia a função de vereador, era fácil conciliar o trabalho na rádio, depois foi complicando um pouco. Quando retornei das férias em janeiro, a direção da rádio pediu para que eu não recomeçasse. Os indícios que isso ocorreria já pairavam no ar. No ano passado, o gerente da emissora trocou o nome do programa, resultado de um desentendimento sobre minha atuação na secretaria de saúde, o que não vem ao caso citar agora. Então, estou definitivamente fora da Rádio Grande Lago, lugar onde passei bem dizer a metade de minha vida. Mas acho que era o momento. Tudo na vida tem seu momento e eu não servia mais para a rádio, bem como a rádio, acredito, não passava mais pelos meus planos de futuro. Em respeito a você, que sempre me deu audiência extrema, agradeço de coração. Fique com Deus e pode continuar de ouvido colado no rádio!

Elder Boff