Internacionais | Esquerda x direita
Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2025
Veja como está o mapa da América do Sul após a eleição presidencial no Chile
A vitória de José Antonio Kast na eleição presidencial do Chile ajudou a direita a atingir um pleno equilíbrio com os governos de esquerda na América do Sul.
Contexto: José Antonio Kast, candidato de direita, foi eleito novo presidente do Chile, neste domingo (14). Ele conseguiu mais de 58% dos votos, de acordo com o Serviço Eleitoral (Servel) do país e derrotou a candidata de esquerda, Jeanette Jara.
Com a vitória de Kast, a direita passará a governar seis dos 12 países da América do Sul, ou seja, metade deles. Isso ajudará a manter o equilíbrio ideológico no continente, já o Uruguai pendeu para a esquerda com a vitória de Yamandú Orsi. Ele assumiu em março de 2025.
Historicamente, as forças políticas da região alternam períodos de domínio. Apesar da esquerda ter prevalecido no continente no início do século 21, com a chamada "onda rosa", a direita recuperou espaço nos últimos anos.
Nos últimos meses, a direita contou com a ajuda da Bolívia para chegar a um equilíbrio de poderes. Após quase duas décadas no poder, a esquerda ficou de fora do segundo turno das eleições bolivianas após quase duas décadas no poder. A vitória foi de Rodrigo Paz, em 19 de outubro.
Em entrevistas realizadas na época, o g1 ouviu especialistas para explicarem o cenário de instabilidade e polarização na região. Confira:
Maurício Santoro, doutor em Ciência Política pelo Iuperj e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, explica que o continente viveu uma guinada conservadora após 2010, com o esgotamento do ciclo econômico iniciado com o “boom” global das commodities.
“O que a gente tem agora é um continente que está bem dividido ideologicamente. O que chama atenção é termos um cenário internacional marcado por dificuldade de diálogo e cooperação de governos latino-americanos de diferentes orientações ideológicas.”
Já Regiane Nitsch Bressan, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que a América Latina vive momentos pendulares na política. Segundo ela, a alternância ideológica é algo natural nas democracias, mas se torna delicada quando ocorre em contextos de fragilidade institucional.
"Existe um problema estrutural na América Latina por conta da nossa história, da nossa economia e do fato de vivermos com desigualdade e pobreza. Isso leva à descrença nas instituições democráticas. Essa alternância tão pendular, ela facilmente se move para governos autoritários."
Nesta reportagem você vai entender:
Na história recente da América do Sul, forças de esquerda e direita têm se alternado no poder. Muitos países viveram ditaduras na segunda metade do século 20, como o Brasil. Na década de 1990, o cenário se inclinava para governos de perfil conservador, com agendas neoliberais.
Segundo o professor Maurício Santoro, o revezamento entre correntes ideológicas era raro nessa época, já que partidos mais progressistas tinham dificuldades para vencer eleições. O quadro começou a mudar no início dos anos 2000, com a chamada “onda rosa”.
O termo se popularizou após ser usado pelo jornalista Larry Rohter, do jornal americano The New York Times, depois da vitória de Tabaré Vázquez nas eleições de 2004 no Uruguai.
Naquele momento, havia um sentimento de mudança no continente, impulsionado pelo desejo de reduzir a pobreza e a desigualdade.
Os novos governos de esquerda chegaram ao poder durante a alta global das commodities, estimulada principalmente pela demanda da China.
Com o aumento das receitas, algumas gestões conseguiram investir em programas sociais e políticas de redistribuição de renda.








