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Terça-feira, 22 de Outubro de 2024

Vacina contra Covid: 8 em 10 pessoas não tomaram todas as doses de reforço

Dados do Ministério da Saúde apontam que apenas 21,6% da população tomou as doses bivalentes; número é considerado baixo pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)

Dados do Ministério da Saúde atualizados nesta segunda-feira (20) apontam que quase 80% da população não completou o esquema de vacinação bivalente contra Covid-19. Os números são preocupantes, de acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

No painel de imunização, disponível no site do ministério, pouco mais de 36,8 milhões de doses foram aplicadas, o que corresponde a 21,6% da população apta para ser imunizada. Os dados da Rede Nacional de Dados de Saúde mostram que todas as regiões, com exceção do Piauí, Distrito Federal e São Paulo, estão abaixo dos 24,9%, o que é classificado pela “faixa vermelha”.

Entre os estados com a menor cobertura vacinal da Covid-19 estão Mato Grosso (10,1%), Tocantins (12,1%), Acre (12,9%), Maranhão (13,2%) e Roraima (13,3%). Por outro lado, os estados com a maior cobertura vacinal da bivalente não chegam a 30% da população. Entre os estados com a maior cobertura vacinal da Covid-19 estão Piauí (28,9%), Distrito Federal (28%), São Paulo (26,7%), Ceará (24,8%) e Sergipe (23,7%).

Entidade diz que falta vacinas contra Covid-19

A CNN conversou com Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que alega que a cobertura vacinal de Covid-19 no Brasil é muito baixa.

“A gente tem acompanhado os dados do Ministério da Saúde, que é o único dado que a gente tem disponível, que mostra um percentual muito baixo de vacinação, principalmente para os grupos prioritários, que são os grupos definidos como mais importantes para a vacinação” afirma Chebabo.

Ele destaca que entre a vacina de Covid-19 está no calendário vacinal da criança e ela está para os idosos e para os imunosuprimidos com uma dose a cada seis meses, mas poucas pessoas sabem disso. A comunicação é apontada como um dos entraves dessa questão.

“Essa é uma das grandes dificuldades que a gente tem, que são as pessoas terem conhecimento em relação à necessidade de tomar essas doses, a importância de se vacinarem, porque a doença ainda continua ocorrendo de forma importante e ainda continua matando, são mais de 5 mil mortes por Covid-19 no Brasil só esse ano”, pondera.

O porta-voz da SBI relata que há uma escassez no país inteiro. Em alguns municípios a vacina já acabou e outros ela tá com baixa disponibilidade, então são poucas doses, muitas das vezes concentradas em dois ou três locais de vacinação. Para o especialista, essa dinâmica prejudica o acesso ao imunizante.

“Isso é muito ruim porque você diminui o acesso das pessoas à vacina próximo das suas casas ou do seu local de trabalho. Então, o que a gente tem hoje é falta em alguns municípios já e escassez em outros, porque os estoques estão terminando e não foram repostos” diz Chebabo.

Para o presidente da SBI, os principais desafios são basicamente a falta de comunicação e a falta de uma campanha de esclarecimento. Ele alerta que a doença ainda é a infecção que mais mata no Brasil, ao lado da dengue.

“As pessoas realmente estão, todas as pessoas, estão cansadas, né? A gente viveu um momento muito duro, né, na pandemia. E a tendência de todo mundo é achar que já passou, que acabou. Mas não acabou, a doença continua acontecendo” alerta o infectologista.

O Ministério da Saúde se posicionou sobre a falta de doses de vacina para Covid-19. De acordo com a pasta, nos próximos dias 1,2 milhão de doses serão entregues, com foco na imunização de crianças. Veja posicionamento na íntegra.
 

O Ministério da Saúde começa a distribuir aos estados nova remessa de 1,2 milhão de doses da vacina contra Covid-19 nesta semana, regularizando os estoques para vacinação de crianças. O quantitativo é parte de compra emergencial das vacinas mais atualizadas contra a doença realizada em maio deste ano com objetivo de garantir a máxima proteção da população.

Novo pregão foi concluído recentemente para aquisição de mais de 60 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, garantindo proteção contra cepas atualizadas pelos próximos dois anos.  As entregas pelos fabricantes serão realizadas de forma parcelada, conforme a adesão da população à vacinação e as atualizações aprovadas pela Anvisa.

A cobertura vacinal contra a Covid-19, consolidada desde o início da campanha, indica que 86% da população brasileira completou o esquema vacinal com duas doses. Atualmente, os esquemas primários de vacinação são recomendados, rotineiramente, para o público prioritário – pessoas com 60 anos ou mais, gestantes, puérperas, trabalhadores da saúde e crianças, entre outros. Também é indicada para a população que não completou o esquema vacinal.

Levantamento aponta para falta de imunizantes

Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) entre os dias 2 e 11 de setembro revelou que seis em cada dez municípios brasileiros enfrentam falta de vacinas. O levantamento, que abrangeu 2.415 municípios, aponta para a necessidade urgente de medidas para solucionar o problema.

O Ministério da Saúde reconheceu, em nota, a falta de vacinas na rede pública de saúde e atribuiu o problema a dificuldades na fabricação, logística e alta demanda. A pasta informou estar buscando soluções alternativas, como a aquisição de imunizantes através da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mas a regularização do estoque de algumas vacinas está prevista apenas para 2025.

A pesquisa da CNM também revelou uma queda significativa na cobertura vacinal nos últimos anos. A média da cobertura de todas as vacinas analisadas caiu de 83,8% em 2014 para 66,2% em 2023. Essa redução aumenta a vulnerabilidade da população a doenças preveníeis por vacinação.

CNN