O goleiro Gabriel Brazão tem sido um dos destaques do Santos na Série B do Campeonato Brasileiro. Titular após João Paulo se lesionar, o camisa 77 viveu um período de oscilação durante o pior momento da equipe na competição, mas conseguiu se recuperar e auxiliar o clube na série invicta de sete partidas.

É um momento especial para o jogador de 23 anos na carreira. Desde que chegou, ele disputou 11 partidas, o mesmo número de jogos que havia feito profissionalmente somando todos os clubes que passou (sete no total).

Brazão deve seguir como titular até o fim da temporada, já que a expectativa é que João Paulo tenha condições de jogo somente em 2025. Com contrato no Santos até dezembro de 2026, o goleiro tem a chance de ouro para se firmar na posição e se tornar uma dor de cabeça para o companheiro, que não enfrenta concorrência desde John, atualmente no Botafogo, em 2021.

O início de Gabriel Brazão no Santos foi em meio a uma turbulência. O goleiro assumiu a responsabilidade de substituir João Paulo, um dos principais jogadores do Peixe nas últimas temporadas, mas que sofreu uma ruptura no tendão de Aquiles do tornozelo esquerdo.

Não bastasse o peso de entrar no lugar de João Paulo, o goleiro ainda assumiu a missão em um momento de crise, quando o Peixe sofreu quatro derrotas seguidas e caiu na tabela da Série B do Brasileirão. Toda a situação causou desconfiança na torcida em relação à capacidade de Brazão para ser o primeiro goleiro do Peixe.

Inicialmente, a diretoria buscou outro goleiro mais experiente. Marcelo Grohe, de 37 anos, que estava livre no mercado após a saída do Al-Ittihad, da Arábia Saudita, esteve na mira, porém, não houve acerto. Jordi, do Novorizontino, e Hugo Souza, agora no Corinthians, também foram sondados.

A virada de chave para Brazão começou na vitória sobre o Goiás, em casa. Apesar de ter sido pouco exigido, o goleiro deixou o campo, pela primeira vez, sem sofrer um gol. A consolidação veio contra o Mirassol, no interior paulista quando o camisa 77 fechou o gol e ajudou o Peixe a segurar o empate fora de casa.

O roteiro se repetiu nos quatro jogos seguintes. Sem sustos em casa contra Chapecoense e Ituano. E grandes atuações longe da Vila Belmiro.

Primeiro, na vitória sobre o Ceará, quando ajudou o time a segurar o placar mesmo com um a menos durante todo o segundo tempo. Depois, no empate contra o Vila Nova, quando evitou até um gol contra de João Schmidt. Só não conseguiu defender a cabeça de Jemmes, que deu fim à sequência de cinco jogos sem sofrer gols na Série B.

Na última segunda-feira, outra grande atuação na goleada sobre o Coritiba. Apesar do placar de 4 a 0, o goleiro do Peixe foi bastante exigido em lances-chave e levou a melhor em todas as disputas contra o ataque paranaense. Sendo três desses duelos finalizações frente a frente contra o atacante.

Para o técnico Fábio Carille, o crescimento de Brazão tem relação com o ritmo de jogo adquirido pelo goleiro, que coincide com a evolução do camisa 77 debaixo das traves.

– Sabíamos que era um jogador que tinha poucos jogos como profissional, mas o treinamento do dia a dia nos deixava tranquilo que, quando fosse para campo, ia dar uma resposta legal. Principalmente goleiro precisa ter ritmo de jogo. A gente fala de ritmo de jogo para jogador, mas para goleiro, principalmente, precisa. Não é só hoje, já fez boas partidas. Estamos muito tranquilos e satisfeitos com ele – disse Carille, após o jogo contra o Coritiba.

Gabriel Brazão começou a se destacar cedo no futebol, quando estava nas categorias de base do Cruzeiro. Com 17 anos, foi eleito o melhor goleiro do Mundial sub-17 na campanha em que o Brasil terminou em terceiro lugar.

Em 2019, aos 18 anos, sem ter estreado pelo profissional da Raposa, foi negociado com o Parma, da Itália. Alguns meses depois, contratado pela Inter de Milão. Mas, apenas 20 dias após chegar ao novo clube, foi emprestado ao Albacete, para a disputa da segunda divisão espanhola.

Foi pelo clube da Espanha que ele jogou pela primeira vez como profissional, em 18 de dezembro de 2019, na vitória sobre o Tudelano por 1 a 0, pela primeira fase da Copa do Rei.

No total, foram sete partidas na temporada. No ano seguinte, um novo empréstimo. Desta vez, para o Oviedo, também da Espanha, e somente três jogos pela equipe.

Brazão retornou no segundo semestre de 2021 para a Inter de Milão, mas rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito em agosto durante um treino da pré-temporada. No ano seguinte, o goleiro teve a primeira volta ao Brasil, e para o Cruzeiro, clube que o revelou, cedido até junho de 2023.

Entretanto, o jogador voltou a enfrentar problemas físicos. Em março de 2022, passou por um procedimento cirúrgico para corrigir a lesão sofrida no menisco do joelho esquerdo.

Em maio, o goleiro sofreu um problema no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo e precisou passar por um novo procedimento.

Em julho daquele ano, a Inter de Milão pediu para o jogador retornar à Itália para dar sequência ao tratamento e a segunda passagem pelo Cruzeiro encerrou sem que ele tivesse a chance de atuar profissionalmente.

Já em janeiro do ano passado, Brazão foi emprestado novamente pela Inter. Desta vez, para o SPAL, também da Itália. Mas em seis meses foi apenas um jogo disputado.

Em agosto, ele é cedido mais uma vez, pela Inter de Milão. Agora, para a Ternana, que disputa a segunda divisão da Itália. O goleiro não chegou a disputar partidas pela equipe até a saída o Santos, nesta temporada.

Para que Gabriel Brazão pudesse chegar ao Santos, a Inter de Milão rescindiu o contrato que era válido até junho de 2025. A transação foi feita sem custos ao Peixe, porém os italianos mantiveram uma fatia da porcentagem dos direitos visando lucro em uma possível venda.

O clube da Vila Belmiro detém 60% dos direitos econômicos do goleiro.

G1