Internacionais | Abuso sexual

Domingo, 11 de Fevereiro de 2024

Presidente da Hungria renuncia após perdão de caso de abuso sexual

Katalin Novák concedeu benefício a cúmplice condenado por encobertar crimes em um lar infantil

A presidente da Hungria, Katalin Novák, anunciou sua renúncia neste sábado (10).

Novák vinha sendo pressionada após ter perdoado um homem condenado por ser cúmplice de ajudar a encobrir um caso de abuso sexual em um orfanato.

“Eu cometi um erro. Hoje é o último dia em que me dirijo a vocês como presidente”, disse Novák em um discurso transmitido pela televisão estatal.

“Tomei a decisão de conceder um indulto em abril passado, acreditando que o condenado não havia abusado da vulnerabilidade das crianças que ele havia supervisionado. Cometi um erro, pois o perdão e a falta de fundamentação foram adequados para provocar dúvidas sobre a tolerância zero que se aplica à pedofilia”, disse ela.

Histórico

Em abril de 2023, Novák concedeu um perdão presidencial a dezenas de pessoas, antes de uma visita do Papa Francisco ao país, entre elas o vice-diretor de um lar infantil que ajudou um ex-diretor a esconder seus crimes.

O diretor foi condenado a 8 anos de prisão por abusar sexualmente de vários meninos menores de idade entre 2004 e 2016. O vice-diretor foi condenado a mais de 3 anos.

Na última sexta-feira (9), cerca de mil pessoas foram às ruas em Budapeste, capital da Hungria, para protestar contra a presidente e pedindo sua renúncia.

Novak, uma aliada próxima do primeiro-ministro conservador Viktor Orban. Em uma tentativa de conter os danos políticos, Orban, cujo partido Fidesz está iniciando a campanha para as eleições do Parlamento Europeu em junho, apresentou uma emenda constitucional ao parlamento na noite de quinta-feira, proibindo quem estiver no cargo de presidente de perdoar crimes cometidos contra crianças.

No sábado, a ex-ministra da Justiça de Orban, Judit Varga – que deveria liderar a lista do Fidesz para as eleições e que também assinou o perdão – disse no Facebook que deixaria o cargo de deputada do Fidesz, assumindo a responsabilidade pela decisão.

CNN