O Peru decidiu romper relações diplomáticas com o México nesta segunda-feira (3) após o governo de Claudia Sheinbaum iniciar um processo de concessão de asilo à ex-primeira-ministra peruano.

“O governo peruano decidiu romper relações diplomáticas com o México”, afirmou o ministro das Relações Exteriores do Peru, Hugo de Zela, em coletiva de imprensa.

Zela disse a jornalistas que o México havia cometido o "ato hostil" de abrir um processo de asilo para Betsy Chávez, que supostamente seria coautora da tentativa de golpe liderada pelo ex-presidente peruano Pedro Castillo.

O ministro das Relações Exteriores afirmou que o México divulgou “uma versão tendenciosa e ideologicamente motivada” da suposta tentativa de golpe de Estado de Pedro Castillo em 2022. 

Ele acrescentou que o governo mexicano tentou retratar os envolvidos como vítimas de perseguição política.

Castillo foi destituído do cargo e preso no final de 2022, após tentar dissolver o Congresso.

A ex-primeira-ministra também enfrenta acusações criminais por seu suposto envolvimento.

Chávez estava sendo investigada no Peru pelos supostos crimes de rebelião e conspiração contra o Estado, após a tentativa do ex-presidente de dissolver inconstitucionalmente o Congresso em 7 de dezembro de 2022.

A ex-ministra negou sua participação na tentativa de golpe orquestrada por Castillo.

As tensões entre o Peru e o México remontam a vários anos.

Durante a presidência de López Obrador, o México apoiou Pedro Castillo mesmo após sua tentativa de dissolver o Congresso, o que levou o Congresso peruano a declarar o então presidente mexicano persona non grata em maio de 2023.

Em fevereiro de 2025, a presidente mexicana Claudia Sheinbaum classificou o processo criminal contra Castillo como uma "injustiça", o que provocou a rejeição do Ministério das Relações Exteriores do Peru, que considerou que o México estava ignorando a tentativa de golpe fracassada e violando o princípio da não intervenção.

“A posição inaceitável adotada pelo México desde dezembro de 2022 permanece inalterada, apesar de o Governo do Peru ter exigido repetidamente o respeito à sua soberania e ao princípio da não intervenção em assuntos internos”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores do Peru nesta segunda-feira (3).

Por meio do Twitter, a presidência peruana manifestou seu apoio à decisão do ministro das Relações Exteriores, indicando que a medida responde à "intervenção repetida do governo mexicano nos assuntos internos de nossa nação".

CNN