Internacionais | Queda de braço com Trump

Sexta-feira, 28 de Novembro de 2025

Lula venceu queda de braço com Trump, diz Financial Times

A colunista Gillian Tett, do jornal inglês Financial Times, afirmou nesta sexta-feira (28) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu a ofensiva tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, após meses de tensão diplomática envolvendo a taxação de produtos brasileiros.

Logo no início da análise, Tett ironiza a reversão das tarifas adicionais anunciadas por Trump em agosto, um aumento de 40% sobre as importações brasileiras.

Como se diz ‘Taco’ — no sentido de ‘Trump Always Chickens Out’ ('Trump sempre amarela') — em português?”, escreve, sugerindo que muitos brasileiros agora fariam a provocação “com um sorriso”.
Na semana passada, os Estados Unidos retiraram a tarifa extra sobre mais de 200 produtos brasileiros, incluindo café, carne bovina, cacau e frutas. A decisão amplia a lista de exceções ao tarifaço imposto por Trump e ocorreu após reunião entre Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio.

Na semana anterior, os EUA já haviam reduzido tarifas de cerca de 200 itens alimentícios; agora, com a nova medida, vários produtos brasileiros retornam às taxas normais anteriores ao aumento.

À época, Trump justificou o tarifaço como uma resposta a ações do governo brasileiro que, segundo a Casa Branca, ameaçariam a segurança nacional americana.

O governo Trump acusou autoridades brasileiras, especialmente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de perseguir apoiadores de Jair Bolsonaro, censurar empresas de tecnologia americanas e violar a liberdade de expressão de cidadãos e empresas dos EUA.

Segundo o artigo do Financial Times, Lula respondeu “de forma desafiadora” às ameaças, o que acabou fortalecendo sua imagem interna. “Em bom português: Lula venceu”, afirmou a colunista.

As lições para outros países
Na visão da colunista, há três lições principais no episódio. A primeira, segundo ela, é que a Casa Branca está mais sensível à pressão do custo de vida.

“Pesquisas recentes mostram que a confiança dos consumidores está caindo junto com a popularidade de Trump”, lembra Tett, destacando que reduzir tarifas agrícolas tornou-se um gesto politicamente conveniente.

A segunda lição, diz ela, é que “valentões geralmente respondem à força”. Países como China já demonstraram isso, e o Brasil teria seguido o mesmo caminho. Segundo ela, a conclusão é a de que quem lida com Trump precisa avaliar “como explorar seus pontos fracos”.

A terceira lição, segundo a colunista, destaca ainda a importância de separar táticas de objetivos ao analisar a Casa Branca. Para Tett, isso nem sempre é intuitivo, já que Trump frequentemente parece agir sem uma estratégia claramente definida.

G1