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Sexta-feira, 20 de Setembro de 2024
Israel apresenta proposta de exílio de líder do Hamas a Biden
Yahya Sinwar lidera grupo palestino na Faixa de Gaza e foi um dos responsáveis pelos ataques de 7 de outubro
Um conselheiro sênior do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu apresentou ao governo Biden uma nova proposta de cessar-fogo e acordo de reféns com o Hamas, disse uma autoridade israelense à CNN.
A proposta de Gal Hirsch, um aliado próximo de Netanyahu que atua como coordenador de Israel para reféns e desaparecidos, veria um fim permanente ao conflito em Gaza, a libertação em uma etapa de todos os reféns mantidos lá em troca de prisioneiros palestinos mantidos por Israel e a passagem segura para o líder do Hamas Yahya Sinwar ser exilado de Gaza, de acordo com a Kan 11, uma emissora nacional israelense e afiliada da CNN.
As reações à proposta têm sido amplamente de que ela não será aceita pelo Hamas, que não comentou.
Não está claro se a proposta aborda a presença de tropas israelenses em Gaza após um cessar-fogo e acordo de reféns — um ponto-chave de discórdia em negociações paralisadas. E a ideia de que Sinwar deixaria Gaza é vista como improvável por autoridades americanas.
Uma outra fonte israelense familiarizada com as negociações disse que a proposta não estava sendo discutida entre a equipe de negociação israelense como base para novas negociações com o Hamas, que estão paralisadas há semanas.
O Hostages Families Forum inicialmente elogiou o esboço, mas mais tarde na quinta-feira (19) o chamou de “manipulação cínica e barata”.
“Esta é uma fraude cujo propósito é frustrar a nova iniciativa americana de libertar os reféns e parar a guerra em Gaza”, disse a organização. “Em breve celebraremos um ano de abandono. Esta é uma falência moral e de valores que o Estado nunca viu antes”.
As negociações param
A proposta chega em um momento em que as perspectivas de um acordo nunca foram tão baixas. As famílias dos reféns israelenses ainda mantidos em Gaza expressaram consternação com a escalada das tensões com o Hezbollah no Líbano, dizendo que uma guerra em larga escala lá apenas diminuiria as chances de um acordo de reféns.
Os conselheiros de segurança nacional de Joe Biden não têm planos iminentes de apresentar ao presidente dos EUA uma proposta atualizada nas negociações de cessar-fogo da guerra entre Israel e Hamas, disseram dois altos funcionários do governo à CNN — a mais recente indicação de que as negociações para encerrar o conflito estão seriamente paralisadas.
Netanyahu não se encontrará com Biden durante sua visita a Nova York para a Assembleia Geral das Nações Unidas na próxima semana, disse uma fonte israelense familiarizada com o assunto à CNN.
Hirsch se encontrou no início da semana passada com Roger Carstens, o enviado presidencial especial dos EUA para assuntos de reféns, para discutir negociações para libertar os reféns mantidos em Gaza.
A noção de facilitar o exílio de Sinwar foi discutida em vários pontos das negociações como parte dos estágios posteriores de um eventual acordo de cessar-fogo, embora não haja indicação de que Sinwar concordaria com tais termos.
Gershon Baskin, que tem ampla experiência em negociações com o Hamas, disse à CNN que qualquer um que pensasse que Sinwar deixaria Gaza “não vive neste mundo”.
“Gaza é o mar de Sinwar e ele é um peixe. Um peixe não sai do mar por vontade própria”.
No entanto, se o acordo incluísse a retirada total das tropas israelenses de Gaza, ele chegaria “perto de um acordo para o qual o Hamas está pronto”, acrescentou Baskin.
Anteriormente, quando surgiu a ideia de permitir que os principais líderes do Hamas, como Sinwar, deixassem Gaza como parte de um acordo de cessar-fogo, autoridades americanas disseram que achavam improvável que Sinwar concordasse. Eles citaram os assassinatos de líderes do Hamas por Israel em capitais estrangeiras e disseram que acreditavam que Sinwar preferiria morrer lutando contra Israel do que deixar Gaza.
“Eu até acredito que concordaremos em construir uma passagem segura para o principal terrorista, o novo Hitler, Sinwar — uma passagem segura para ele e para quem ele quiser que se junte a ele para sair de Gaza”, disse Hirsch à CNN no início deste mês.
CNN