O roteiro da volta do Grêmio à Arena após mais de quatro meses parecia perfeito até meados do segundo tempo. O time sofreu um pequeno baque ao ter um jogador expulso antes de 20 minutos de partida, mas soube se portar bem e abrir 2 a 0. Porém, em um espaço de 23 minutos, sucumbiu ao Atlético-MG e levou uma virada incrível. Frustrante.

Apesar do público bastante limitado pelas restrições da Arena, ainda em reconstrução, a torcida gremista se fez presente como pôde no domingo de manhã. A equipe entrou com novidades na zaga, com uma nova dupla formada por Gustavo Martins e Kannemann nos lugares de Rodrigo Ely e Jemerson, lesionados. Foi ali o primeiro episódio da partida.

Em domínio errado no meio de campo, Gustavo Martins perdeu a bola para Deyverson e cometeu a falta. O centroavante do Galo partiria livre em direção ao gol, embora tivesse muito para percorrer. Exagerada ou não, a decisão da arbitragem foi de expulsão direta ao zagueiro.

Com 19 minutos, o Grêmio ficava com 10 homens em campo. A inferioridade numérica, no entanto, não se refletiu em resultado. Aliás, refletiu, mas a favor do próprio dono da casa. Renato preferiu não recompor a zaga e só mexeu as peças que já estavam no tabuleiro. O Atlético tinha mais a bola, mas o Tricolor foi letal quando teve as chances.

Primeiro, Braithwaite foi preciso ao se posicionar bem na área e abrir o placar, aos 31. Dez minutos depois, o segundo. Soteldo, na sua característica, invadiu a área pela esquerda e cruzou na medida para Cristaldo. O camisa 10 cabeceou na trave, mas pegou o próprio rebote para empurrar para o gol vazio. Vitória parcial com autoridade.

Na volta do intervalo, o Galo se modificou. Gabriel Milito sacou dois volantes (Otávio e Fausto Vera) para adicionar dois pontas (Vargas e Palacios) e dar ainda mais volume ao ataque. A ideia, claro, era aproveitar um homem a mais para pressionar em busca de, no mínimo, o empate.

O time mineiro esboçou uma pressão no início, mas o Grêmio aproveitava os contra-ataques para levar perigo. Em mais uma boa jogada pela esquerda, Soteldo encontrou Monsalve livre na área, mas o chute saiu por cima. Pouco depois, Braithwaite cabeceou na trave após escanteio.

A partida parecia, de fato, controlada. Quando resolveu mudar a equipe, Renato "fechou a casinha" ao tirar Braithwaite e colocar o zagueiro Natã, além da entrada de Edenilson no lugar de Monsalve. O Galo, que seguia com mais posse, partiu para cima. Aos 25, João Pedro cometeu pênalti em Palacios, e Scarpa converteu dois minutos depois.

Já era esperada pressão maior do Atlético. Com um a menos e postura ainda mais defensiva, a missão do Grêmio era segurar o ímpeto do adversário. Tudo corria bem até os acréscimos, quando o plano desabou em três minutos. Aos 47, João Pedro cometeu outro pênalti ao tocar com a mão na bola. Palacios empatou.

Abalado, o Tricolor viu o rival invadir sua área facilmente. Marchesín até salvou uma bomba de Arana, mas Vargas apareceu livre entre os defensores para tocar de cabeça e decretar a incrível virada atleticana aos 50 minutos. Um banho de água fria no retorno do Grêmio à Arena.

Hoje perdemos por erros nossos, todos erros infantis. Não pode acontecer tantos erros infantis numa partida. A conta vai chegar, e infelizmente ela chegou.

— Renato Portaluppi, técnico do Grêmio

De uma postura exemplar no primeiro tempo, quando Renato foi corajoso ao manter apenas um zagueiro de origem, e o time reagir bem a abrir vantagem, o Grêmio sucumbiu ao adversário em minutos na etapa final, recuado e abatido. Os vários "erros infantis" citados pelo comandante gremista foram cruciais para o revés.

Além do péssimo contexto que gerou a derrota, o Grêmio volta a se preocupar com a parte de baixo da tabela do Brasileirão. Quando vencia parcialmente, chegou a estar em nono lugar, mas agora estaciona em 14º, de olho nos adversários na briga contra o rebaixamento. Uma manhã definitivamente frustrante na volta para casa.

G1