Esporte | Olimpíadas de Paris
Sábado, 10 de Agosto de 2024
Flávia torce por mesma equipe na ginástica para 2028; Jade não crava continuidade e fala em outros sonhos
Depois de inédita medalha de bronze conquistada por brasileiras na ginástica artística nas Olimpíadas de Paris, atenções se voltam para competição em Los Angeles
Depois da conquista inédita da medalha de bronze pela equipe brasileira de ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Paris, os pensamentos se voltam para a competição de 2028 em Los Angeles, com as dúvidas de quem seguirá na seleção. Flávia Saraiva quer continuidade para o próximo ciclo olímpico, mas Jade Barbosa, a mais experiente do quinteto, ainda não crava que seguirá competindo.
— O futuro a Deus pertence. Está muito cedo ainda, a gente tem que aproveitar um pouco mais esta medalha. Foi muito demorada. Eu sei dos meus objetivos, mas, é óbvio, a gente sempre torce para que as meninas fiquem. Eu, principalmente, quero tentar continuar este ciclo. A cada ano que passa, a gente está melhorando cada vez mais — disse Flavinha, de 24 anos, em entrevista coletiva no Festival Olímpico do Time Brasil, no Parque Villa Lobos, em São Paulo.
Mais experiente, Jade Barbosa fala em outros planos de vida:
"É claro que a Jade, não a Jade Barbosa, tem sonhos. Eu tenho sonho de casar e ter filhos. Inclusive tenho super apoio da minha equipe para esse momento, isso me deixa muito confortável: 'Jade, a gente sempre acredita em você, se você quiser ter e voltar'. Isso também facilita muito para eu decidir. Hoje, eu não consigo falar com muita certeza, se eu vou parar, se eu não vou, comentou Jade, de 33 anos, no mesmo evento.
— Eu ainda tenho mais ginástica para fazer. É claro que os anos passam, algumas outras dificuldades vão aparecendo, os códigos de ginástica também mudam e tem que se adaptar. Claro que eu posso continuar e tenho que mostrar, provando, que eu tenho nota suficiente para estar na equipe. Isso depende de muita coisa. Mas eu acho que eu ainda tenho ginástica, tecnicamente falando. Mas eu não sei quanto de validade isso vai ter. Eu me prometi que eu vou fazer ginástica até quando eu tiver nível de excelência. Eu continuo podendo apresentar esse nível técnico e a confederação também acredita. Temos inúmeras avaliações que determinam quais ginastas estarão em cada competição. Eu tenho as notas necessárias para formação da equipe. Só com o tempo. Eu não consigo falar com certeza.
Desde que encerrou sua participação em Paris, a terceira Olimpíada da carreira, Jade tem deixado o futuro na seleção em aberto, mas se mostrando disposta a estar perto das companheiras.
Dona de uma medalha olímpica e três em mundiais e inspiração para as novas gerações, Jade disse que já se sente realizada com o que conquistou.
— Eu já me sinto muito realizada. Antes mesmo das Olimpíadas, eu já me sentia muito realizada. O que eu posso pedir mais deste esporte, que se tornou minha família quando eu mais precisava? Eu competi um pan-americano e uma Olimpíada em casa, tive três medalhas em mundiais e fui para duas olimpíadas. Eu falei 'Jade, nesta Olimpíada, você aproveita, aproveita para você mesmo, cada momento, cada dia, cada hora com as meninas'. Eu não sei quando vou poder viver isso de novo. Eu não sei — ponderou a ginasta.
— Tudo valeu a pena, até as coisas muito difíceis, porque eu acho que, se não tivesse passado por elas, não teria maturidade, nem experiência para lidar com as situações de hoje. Valeu a pena.
Já Flavinha, que participou da primeira, de três edições de Olimpíadas aos 16 anos, espera estar "ainda melhor" para Los Angeles.
— Eu nunca vou me esquecer do dia que a gente voltou da Olimpíada de Tóquio. Eu estava chorando muito. Eu fiquei muito chateada, porque me machuquei, não competi bem, não ganhei uma medalha. O Henrique [chefe da equipe] falou para mim 'calma, sua hora vai chegar, você tem que estar preparada para ganhar sua medalha'. Dali virou uma chave na minha cabeça, que eu entendi o significado do esporte. Tudo bem que, se eu não fosse medalhista olímpica, seria muito realizada com a ginasta que fui e com o que representei no esporte. Mas eu senti que faltava isso dentro de mim, então eu precisava fazer isso para mim, não mais para as pessoas. Eu vou virar essa chave, vou ser resiliente, tenho que esperar o meu momento. Eu agradeço muito a todo mundo que me ajudou a conquistar as minhas medalhas e a entender que a Flavia teve o seu momento e está tendo agora com a melhora dos ciclos.
— Eu fico muito feliz de estar melhorando e, quem sabe, em 2028 eu não esteja muito melhor do que eu estou agora.
Também medalhistas, Lorrane dos Santos e Júlia Soares falaram, na entrevista coletiva, da emoção com a conquista da medalha e de todo a visibilidade que passaram a ter.
Nessa sexta-feira (9), mesmo com frio e chuva, algumas dezenas de pessoas compareceram ao Parque Olímpico do Time Brasil para prestigiar as atletas em uma homenagem. Só Rebeca Andrade, que continua em Paris, não esteve presente.
— Depois deste pódio histórico em Paris, foram acontecendo coisas surreais. Assim que acabou a competição, a gente entrou no Instagram e viu que estava uma loucura. Vimos que a gente tinha realmente feito algo histórico. Meio que a ficha já estava caindo, mas eu acho que a ficha só cai agora, aqui no Brasil, recebendo o carinho das crianças, dos pais, de todo mundo. Isso não tem preço, é um carinho enorme que a gente vem recebendo e a gente espera ter mais e mais por muitos e muitos anos — disse Lorrane.
— Para mim, é algo muito novo. Minha primeira Olimpíada, está sendo surreal cada momento, desde a hora que cheguei à Vila Olímpica até agora. Tudo está sendo incrível, mais do que um sonho para mim. Eu cheguei na Vila, falei 'que incrível'. Foi além do que eu estava imaginando. Competir com as meninas, subir no pódio, cada momento eu vou guardar para o resto da minha vida — finalizou Júlia.
G1