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Quinta-feira, 18 de Abril de 2024

El Niño tende a terminar entre abril e junho, diz boletim da Agência Nacional de Águas

A 7ª edição do Painel El Niño 2023-24 indica uma transição do fenômeno para condições neutras, e formação da La Niña entre julho e setembro

O fenômeno El Niño, responsável pela elevação da temperatura da superfície do mar desde 2023, deve terminar entre abril e junho de 2024. A projeção foi divulgada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), na 7ª edição do Boletim Painel El Niño 2023-2204. O boletim é produzido pela ANA em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD).

Caracterizado pelo aquecimento da superfície do Oceano Pacífico, o fenômeno altera os padrões de circulação atmosférica em todo o planeta, o que resulta em efeitos climáticos em todas as regiões do Brasil.

Segundo a ANA, desde junho do ano passado, o El Niño apresentou uma faixa de águas quentes em grande parte do Pacífico equatorial. Apesar de apresentar atividade anômalas desde agosto, o fenômeno mostra sinais de enfraquecimento em relação a meses anteriores.

O relatório aponta que os modelos climáticos sugerem o enfraquecimento do El Niño e a transição para condições neutras – sem este fenômeno e sem o La Niña – com valores de anomalia da superfície do mar inferiores a 0,5ºC. As projeções do International Research for Climate and Society (IRI) indicam que essa neutralidade deve ser atingida no 2º trimestre de 2024, entre abril e junho.

Nesses três meses, ainda segundo o boletim, a previsão indica maior probabilidade de chuva abaixo da faixa normal entre o centro, norte e leste do Brasil. Já em parte da região Sul, de Mato Grosso do Sul, São Paulo, e uma pequena parte de Minas Gerais, Roraima e Amazonas, a previsão é de maior probabilidade de chuva acima da faixa normal.

Parte do centro e norte, assim como em grande parte do país, tem probabilidade de temperaturas acima do normal nesse período.

Ainda de acordo com as projeções do IRI, há a probabilidade de 62% para formação do fenômeno La Niña no 3º trimestre (entre julho e setembro) de 2024. Diferente do El Niño, o La Ninã consiste no resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, sendo responsável por chuvas fortes no Norte e Nordeste do Brasil, e secas no Sul.

Impacto nos recursos hídricos

O Painel também mostra os impactos sobre os recursos hídricos, como as condições de seca no país, acompanhadas pelo Monitor de Secas, ferramenta coordenada pela ANA. Nos dois primeiros meses de 2024, houve uma redução na intensidade da seca em áreas como o noroeste do Mato Grosso e sul de Rondônia (seca excepcional para extrema); leste do Amazonas (seca de extrema para seca grave); oeste, centro e sul da Bahia, sul do Ceará e sertão de Pernambuco (seca grave para moderada); e norte de Minas Gerais (sea moderada para seca fraca ou desaparecimento de áreas com seca). Apesar do enfraquecimento nessas áreas, ainda segue em situação de seca grave em Roraima, norte e sul do Mato Grosso, interior do Maranhão e áreas de Goiás e Tocantins.

Na bacia do rio Paraguai, formadora do Pantanal, a seca persiste na principal estação de monitoramento, em Porto Murtinho (MS), que fica ao sul da bacia hidrográfica. No sul e sudeste, todas as estações monitoradas apresentaram níveis normais de água nos últimos 30 dias. Na região norte, as vazões dos afluentes do rio Amazonas, que é o maior do mundo em volume de água, seguem crescendo.

Após período de aumento das vazões, na bacia do rio Acre, houve o registro de níveis normais com viés de queda e tendência para o nível de estiagem. Na bacia hidrográfica do rio Branco, em Roraima, a estiagem segue, após leve elevação de nível desse curso da água no início de abril.

O boletim destaca que a bacia do rio Itapecuru, no nordeste, está com estações em níveis de inundação e atenção, e o rio Parnaíba com nível de alerta em Teresina, no Piauí. No mês de março, as vazões do rio Madeira, em Porto Velho, Roraima, foram de 85% da média de longo termo (MLT) do mês. Isso representa a média de todas as vazões registradas ao longo dos anos para um determinado mês.

Também em março, nos rios Tocantins e Xingu, as vazões naturais nas usinas hidrelétricas Serra da Mesa, em Goiás, Tucuruí, no Pará, e Belo Monte, no Pará, ficaram em 96%, 82% e 62%, respectivamente, da média para o mês.

Em abril, o armazenamento nos reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) marcou 74,2%, um aumento de 7% com relação a 4 de março. No mesmo período, em razão do grande volume de chuvas no nordeste, os principais reservatórios registraram aumento de 6% desde o início de março, com o volume total do conjunto de reservatórios da região atingindo 50%.

CNN