O técnico Eduardo Coudet desabafou após o empate do Inter por 1 a 1 com o Atlético-GO na noite deste domingo, no Beira-Rio, pela quarta rodada do Brasileirão. O treinador falou em um clima "enraivecido" no Beira-Rio e revelou que foi insultado por torcedores do próprio clube desde os primeiros minutos do jogo.

Uma parte da torcida vaiou o time após o fim da partida. Logo na primeira resposta de sua entrevista, o treinador argentino destacou que o clima não condiz com a campanha do Inter na temporada, nem com todo o esforço dos jogadores para buscar o empate e para tentar a virada, após sair atrás no placar.

– Entendo toda ilusão que temos ainda, mas estávamos a um gol de ficar em primeiro na tabela, fazendo um grande esforço. Falo do clima enraivecido. Não há paciência de fora. Muito insulto, entende? Pelo menos para mim atrás do banco desde o primeiro minuto. Falo enraivecido porque às vezes tem que viver situações difíceis quanto ao resultado. Não sei se estamos pagando a eliminação no estadual, não sei se a imprensa local me pega o tempo todo e quiça tenha razão. Quem sabe o problema sou eu. A verdade é que é um clima raro – desabafou.

– Fazemos um grande esforço, trabalho todo o dia para fazer crescer esse clube e jogadores, tratar de jogar de um jeito que o torcedor se sinta representado, de ser protagonista, atacar a maioria do tempo, tentar ganhar todos os jogos, sem importar o rival e onde jogamos e com o aproveitamento que temos no ano, só perdemos duas partidas. Foi difícil, mas acho que merecíamos ganhar tranquilamente. Trabalhamos para o torcedor se sentir identificado. Evidentemente não se sente identificado, porque se não não reagiria assim. Me dá tristeza a situação, entende? Porque precisávamos muito da nossa gente. Por que está este clima? Não sei. Conheço o clube, é grande. Não vejo que seja uma situação tão difícil para estar dessa maneira – complementou.

Nesse clima não vai ser campeão nem comigo, nem com o Guardiola. Porque é impossível ser campeão com esse clima. Ou é campeão ou "merda"

Questionado se via alguma relação para a insatisfação da torcida com sua saída conturbada do clube em 2020, Coudet afirmou que a torcida tem demonstrado impaciência com alguns jogadores e citou o caso de Mauricio, que hoje recebeu a braçadeira de capitão em sinal de apoio. O treinador voltou a falar sobre o clima no Beira-Rio e decretou: sem o apoio da torcida, o Inter não vai brigar pelo título, como esperam os colorados.

– Quando sai, Inter estava em primeiro, quartas da Copa do Brasil e oitavas da Libertadores. Veio o melhor técnico da história do Inter e não foi campeão. O time hoje podia tranquilamente ficar em primeiro. Vocês sabem o que eu falo. Um clima raro para a situação e nada mais. Quiçá o problema sou eu. Estão me insultando, o próprio torcedor. Por mais que me diga que não merecíamos ganhar, não vou discutir. Quando acontecer um desastre, vou ser o primeiro a falar. Não é um clima comigo. Se for comigo, podemos falar da situação, mas é comigo é com jogadores – afirmou.

– Não posso deixar de olhar para o lado e falar da situação. Uma situação rara. Me dá tristeza porque eu escolhi estar aqui hoje. De renovar, tendo outras situações. Escolhi porque é um desafio sair campeão com o Inter. E uma das grandes coisas que o Inter pode ser campeão é por sua gente. Nesse clima não vai ser campeão nem comigo, nem com o Guardiola. Porque é impossível ser campeão com esse clima. É o que falei na outra entrevista: ou é campeão ou "merda". Sem sua torcida, é impossível – prosseguiu.

Sobre o jogo, Chacho disse estar orgulhoso pelo esforço e futebol apresentado pela equipe em meio à sequência desgastante. Exaltou a posse de bola, o número de finalizações e lamentou as chances perdidas. Terminou afirmando que o Inter merecia a vitória neste domingo.

O elenco colorado volta aos treinos às 16h desta segunda-feira. O próximo compromisso será pela Copa do Brasil, às 21h30 de quarta-feira, contra o Juventude, no Beira-Rio.

G1