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Sábado, 17 de Fevereiro de 2024

Convocado para seleção, Mãozinha disputa torneio de enterradas da G-League

Titular do Mexico City Capitanes, ala-pivô participará do All-Star Weekend neste sábado. Pouco depois, se apresentará à seleção brasileira principal pela 1ª vez

Aos 23 anos, João Marcello Cardoso Pereira é um dos brasileiros que se destacam no basquete do exterior. Não conhece esse nome? Tudo bem, porque o ala-pivô de 1,98m atende pelo apelido de Mãozinha. Titular do Mexico City Capitanes, o atleta foi selecionado para o torneio de enterradas do All-Star Weekend da G-League, liga de desenvolvimento da NBA. Na última quarta-feira (14), ainda recebeu a primeira convocação para a seleção brasileira principal.

Mãozinha foi um dos 14 atletas chamados pelo Brasil para jogos das Eliminatórias da AmeriCup, contra o Paraguai. As partidas acontecerão nos dias 23 e 26 de fevereiro, em São Paulo e Assunção, respectivamente.

– Estou muito feliz por fazer parte da Seleção. É uma honra muito grande. Podem ter certeza de que o Brasil vem forte. A gente sempre quer representar o país da melhor maneira – disse Mãozinha, ao ge.

Mãozinha fala sobre 1ª convocação para seleção brasileira principal: "Honra muito grande"

Os compromissos pela Seleção, no entanto, ainda não são os próximos. Neste sábado (17), o ala-pivô competirá no torneio de enterradas da G-League. Mãozinha confessou que não esperava participar da disputa logo na primeira temporada pelo Capitanes, time que representa o México na liga de desenvolvimento da NBA. Mas o atleta está focado para se sair bem:

– Tenho treinado e conversado com jogadores que já competiram nas enterradas. A expectativa está grande, e acho que tenho chances de vencer. É muito legal ser reconhecido pelo meu desempenho em quadra e representar o Brasil no torneio.

Mãozinha se surpreendeu com seleção para torneio de enterradas e projeta vitória

Mãozinha duelará com três americanos: Jordan Jackson, do Maine Celtics, Taevion Kinsey, do Salt Lake City Stars, e Cameron McGriff, do Memphis Hustle. Cada um dos quatro jogadores poderá fazer duas enterradas e receberá notas. Os dois com os maiores somatórios se enfrentarão na final, que terá regras semelhantes às da primeira fase.

O convite para participar do torneio faz jus à fama que Mãozinha tem adquirido no México e nos Estados Unidos. Um perfil de notícias vinculado à G-League já chamou o ala-pivô de “brasileiro das enterradas mais incríveis”.

– Eu sou um cara que joga acima do aro. Desde novo, sempre tive a mentalidade de tentar enterrar em todos os lances – afirmou Mãozinha.

Antes de ir para a América do Norte, o atleta defendeu Pinheiros, Fortaleza e Corinthians no NBB. Foi o melhor jovem da competição em 2021/2022. Na atual temporada, o ala-pivô participou de todos os 16 jogos do Capitanes, com média de nove pontos e sete rebotes por partida. De acordo com Mãozinha, a experiência na G-League tem sido positiva profissional e pessoalmente.

– Superou todas as minhas expectativas. A Cidade do México, a cultura, as pessoas, o time, a estrutura, tudo é muito bom. Estou aprendendo a falar espanhol. No Capitanes, o elenco é de irmãos, sempre com um tentando ajudar o outro. A comissão técnica é muito experiente, mas humilde para perguntar opiniões dos atletas. E estou satisfeito também com meu papel no time. É muito legal ver como confiam em mim.

Mãozinha fala sobre experiência na G-League: "Superou todas as minhas expectativas"

Mãozinha ainda explicou que o Mexico City Capitanes não funciona como a maioria dos times da G-League. Além de ter sede fora dos Estados Unidos e do Canadá, a equipe não está associada a nenhuma franquia da NBA (dos 30 adversários, só G-League Ignite também não tem ligação).

As diferenças fazem com que o Capitanes não foque apenas em desenvolver jogadores. O time também quer vencer.

– Para a NBA, interessa atrair a atenção dos mexicanos, criar torcida aqui. Os outros ginásios recebem 400 pessoas em uma partida. No nosso, o mínimo é de 5.000 torcedores. E ganhar ajuda a conquistar mais fãs. A gente quer buscar a vitória. Todo mundo está aqui sabendo que não vai ser a estrela do time. Vai vir para cooperar e ver a equipe vencer. Claro que existe um trabalho para desenvolver cada jogador, mas a meta maior é triunfar – afirmou Mãozinha.

O Capitanes vem de uma vitória sobre o Ontario Clippers, por 115 a 109, e é 4º colocado na Conferência Oeste da G-League. Se a temporada regular acabasse agora, a equipe mexicana estaria classificada para os playoffs.

Evolução e objetivos na carreira

No Capitanes, Mãozinha atua com dois compatriotas: o armador Alexey Borges, de 28 anos, e o ala-pivô Ruan Miranda, de 22. A comissão técnica da equipe também tem um brasileiro: o auxiliar Vitor Galvani, que ainda comanda a seleção sub-18 do Brasil.

– Os três são pessoas muito boas de basquete e de grupo. A gente até fala que os brasileiros vão contaminando positivamente os outros. Agora, todo mundo no time sabe falar “bom dia, pai”, “e aí, pai”, “tudo bem?”. O pessoal acha muito legal a nossa amizade e quer aprender português. Eu pensei que ficaríamos um pouco mais em uma “panela” brasileira, mas viramos uma família no Capitanes – relatou Mãozinha.

A base montada na Cidade do México dá ao ala-pivô confiança para evoluir. No papo com o ge, ele falou sobre como seu estilo de jogo já foi impactado pela temporada na G-League.

– A liga está cheia de atletas com experiência na NBA. Quando você joga contra adversários bons, evolui também. Desde que vim para cá, foquei mais em academia, melhorei meu arremesso, fui testado em posições diferentes. Vou me adaptando às circunstâncias. Se eu não consigo pular mais que alguém, tentarei ser mais rápido. Se não sou mais rápido, tentarei ser mais forte. Assim, estou sempre motivado.

A dedicação tem mostrado resultados que vão além da participação no torneio de enterradas do All-Star Weekend. Recentemente, Mãozinha ganhou elogios do ala Juan Toscano-Anderson, a quem chama carinhosamente de “irmão mais velho”.

Hoje no Sacramento Kings, Toscano-Anderson já foi campeão com o Golden State Warriors e também defendeu o Capitanes por um tempo. No início de janeiro, o jogador usou as redes sociais para escrever que nenhum time da NBA se arrependeria de contratar Mãozinha.

– Ter esse reconhecimento foi bem gratificante e motivador. Vou continuar trabalhando. Vira e mexe soltam uma coisinha, o técnico diz que alguém da NBA falou com ele sobre mim. Nunca é algo concreto, e não tive proposta ainda, mas a expectativa é alta – comentou o brasileiro.

O desejo de jogar na NBA, no entanto, não é o que mais povoa os pensamentos de Mãozinha.

– Meu maior sonho é conquistar uma medalha olímpica. Desde pequeno, tenho vontade de representar o Brasil. Subir ao pódio em Olimpíadas é marcar o nome na história do basquete brasileiro.

Antes da oportunidade de defender a seleção principal, Mãozinha tinha passado por equipes de base do Brasil. Em 2023, conquistou a medalha de prata nos Jogos Mundiais Universitários. A participação no torneio se tornou possível, porque o ala-pivô fazia faculdade de Educação Física. O curso à distância está trancado, mas o atleta tem planos de concluir a graduação no futuro.

GE
Foto: Reprodução / Redes Sociais