Internacionais | Tortura amiga

Sábado, 22 de Novembro de 2025

Como os russos matam e torturam os próprios soldados na Ucrânia

Na guerra da Ucrânia, combatentes russos arriscam sofrer tortura, humilhação e assassinatos por parte de seus próprios superiores. Segundo especialistas, a prática é generalizada e normalizada nas fileiras.

"Anularam o meu filho", lamenta Tatiana Bykova em uma mensagem de vídeo. Seu filho, Andrei, foi morto por seus próprios comandantes. Ela os nomeia e diz que os odeia. Primeiro, extorquiram dinheiro dele, exigindo metade da indenização que ele recebeu por um ferimento. Quando ele se recusou a dar o dinheiro e comprou um carro, eles passaram a exigir o veículo. Como ele se recusou a entregar o carro, foi morto.

Bykova apresentou uma queixa ao Comitê de Investigação da Federação Russa e à Procuradoria-Geral, mas nada aconteceu. Andrei Bykov foi simplesmente declarado desaparecido. "Como me disseram, ele foi espancado até a morte. Ele está em uma área arborizada perto de Galitsynivka", disse Bykova, se referindo a um povoado na região de Donetsk, na Ucrânia, em entrevista ao portal de notícias independente russo Verstka, que funciona no exílio.

Em outubro de 2025, o portal lançou um projeto para chamar a atenção para a prática generalizada de tortura e a chamada "anulação" – termo coloquial para o assassinato de soldados no Exército russo. O Verstka também publicou os nomes de dezenas de comandantes envolvidos.

No dia seguinte, Aleksandr Pashchenko, membro do parlamento pelo partido governista Rússia Unida na república da Khakassia, respondeu às críticas de um cidadão indignado, dizendo: "Na linha de frente, você seria anulado por declarações como essa". Ele confirmou, assim, que as "anulações" de fato acontecem.

Como tortura e assassinato ocorrem?
"O assassinato dos próprios soldados é apenas um aspecto do estado deplorável do Exército russo. A tortura também é generalizada", disse o especialista militar Yuri Fyodorov à DW. Vídeos de tortura podem ser encontrados em canais do Telegram dedicados à guerra. Por exemplo, o especialista relatou que soldados são jogados em um fosso e alimentados com lixo por uma ou duas semanas, dependendo do capricho do comandante. Ou são forçados a "abraçar uma árvore". Eles são amarrados a troncos de árvores e deixados lá por um ou dois dias sem comida ou água.

 

G1