Internacionais | Incendio mortal I
Quinta-feira, 27 de Novembro de 2025
Como andaimes de bambu contribuíram para o incêndio mais mortal em décadas em Hong Kong
O incêndio que atingiu na quarta-feira (26) um complexo com oito prédios e 2 mil apartamentos em Hong Kong expôs os riscos do uso de andaimes de bambu e das telas verdes que revestem obras, um método tradicional que atravessou séculos na China.
Até a última atualização desta reportagem, as autoridades haviam confirmado a morte de 55 pessoas. Outras 72 ficaram feridas com queimaduras e por inalar fumaça. Além disso, quase 300 estavam desaparecidas. O incêndio já é mais mortal em Hong Kong das últimas três décadas.
A causa do fogo está sendo investigada, mas as autoridades acreditam que as chamas se espalharam rapidamente por telas de construção verdes e andaimes de bambu que estavam sendo usados em obras de reforma do complexo.
A polícia informou que as telas não atendiam aos padrões de segurança contra incêndio. Três homens da construtora responsáveis pela obra foram presos sob suspeita de homicídio culposo — quando não há a intenção de matar.
"Temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o incêndio se alastrasse descontroladamente, resultando em um grande número de vítimas", disse Eileen Chung, superintendente da polícia de Hong Kong .
Por décadas, em meio aos arranha-céus da antiga colônia britânica, o bambu foi o material dominante nas obras: barato, disponível e flexível, amarrado com cordas de náilon.
A técnica nasceu na China continental, onde o bambu é associado à graça e à força moral. Relatos indicam que ele já era usado em andaimes e ferramentas na construção da Grande Muralha.
Hoje, os andaimes metálicos substituíram o bambu em grande parte do território chinês. Hong Kong, porém, mantém cerca de 2.500 montadores de andaime de bambu registrados, segundo dados oficiais. O número de profissionais que trabalham com estruturas metálicas é aproximadamente três vezes maior.
Equipes que escalam fachadas altas para cobrir prédios em poucos dias são uma cena comum no centro financeiro do território.
As estruturas de bambu são usadas com telas verdes que evitam que detritos caiam nas ruas. É o padrão adotado no complexo residencial Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po, onde ocorreu o incêndio.
O líder de Hong Kong, John Lee, afirmou que uma força-tarefa vai investigar a causa da tragédia.
“A unidade independente do Departamento de Edificações vai examinar se as paredes externas atendem ao padrão de resistência ao fogo”, disse ele. “Se houver irregularidades, vamos responsabilizar de acordo com a lei.”
G1








