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Quarta-feira, 24 de Julho de 2024

Brasil consegue apoio unânime do G20 para criar Aliança Global Contra a Fome

Evento desta quarta-feira (24) no Rio de Janeiro marca o pré-lançamento da iniciativa, que será a principal entrega da presidência brasileira do grupo

O Brasil vai promover na manhã desta quarta-feira (24), no Rio de Janeiro, o pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome, com apoio unânime dos países que compõem o G20.

A criação dessa aliança é a principal iniciativa do governo brasileiro na presidência pro-tempore do grupo das maiores economias do mundo.

O evento de pré-lançamento vai contar com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de dirigentes de organizações como o Banco Mundial e o Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), e de ministros das Relações Exteriores, Fazenda e diversas áreas sociais de todo o G20.

A criação da aliança foi uma sugestão do próprio presidente Lula, feita em setembro do ano passado durante seu discurso ao fim da reunião de cúpula do grupo, realizada em Nova Délhi, na Índia, quando o Brasil simbolicamente recebeu a presidência do G20.

O apoio de todos os países do bloco, incluindo grandes rivais no tabuleiro geopolítico global, como Rússia, China e Estados Unidos, é uma vitória da diplomacia brasileira.

A ratificação da criação da aliança será feita em novembro, também no Rio de Janeiro, na Cúpula de Chefes de Estado do G20.

As outras duas prioridades brasileiras para o grupo deverão ter avanços bem mais lentos: o combate às mudanças climáticas e a reforma das instituições de governança global, como a ONU, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

Apesar de ser lançada no contexto do G20, a aliança será uma iniciativa independente e multilateral.

Em entrevista exclusiva à CNN, o principal negociador do país no G20, o embaixador Maurício Lyrio, disse que a Aliança Global Contra a Fome terá três pilares fundamentais.

O primeiro será o pilar financeiro, com os países mais ricos, organizações multilaterais e fundações e ONGs globais ajudando a criar um fundo para financiar a iniciativa.

Ainda não está claro que países farão os aportes na aliança e nem os valores, mas o embaixador Lyrio afirma que há sinais de importantes anúncios sobre isso por ocasião da cúpula de novembro.

O segundo pilar será o da cooperação técnica, com os países trocando experiências, treinamento e aplicando conhecimentos já testados e aprovados em determinadas áreas do mundo no combate à fome.

Neste pilar, diz o embaixador, o Brasil vai poder colaborar com várias outras nações ao compartilhar os ensinamentos e aprendizados de mais de 20 anos de implantação de programas sociais bem sucedidos, como é o caso do Bolsa Família e os programas de apoio à agricultura familiar.

Países menores, como Bangladesh, na Ásia, também vão contribuir muito pois adotaram, por exemplo, programas de microcrédito que foram extremamente exitosos no combate à miséria e redução da fome.

Por fim, existe a implementação em campo, com os países mais interessados recebendo diretamente as ajudas para a redução da fome.

“O que é fundamental na Aliança Global Contra a Fome é que ela reúne não só o pilar financeiro, como a gente chama os mecanismos financeiros inovadores para ter recursos para o combate à fome a pobreza, mas ao mesmo tempo reúne os programas sociais que deram certo em países em desenvolvimento para a superação da pobreza e da fome nas últimas décadas” diz o embaixador Lyrio.

A aliança vai contar também com um secretariado enxuto, com representantes de vários países, que vão coordenar as iniciativas. Muito provavelmente, o escritório desse secretariado deverá ficar na sede da FAO, em Roma.

“Com o endosso do Banco Mundial, da FAO, PNUD, OIT e das várias organizações internacionais que lidam com o combate à pobreza a gente pode agora tentar universalizar o máximo possível a implementação desses programas”, disse Lyrio.

Durante o pré-lançamento serão divulgados os termos de adesões das nações interessadas em contribuir com a aliança.

CNN