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Quinta-feira, 07 de Março de 2024

Ataque ao ônibus do Fortaleza completa duas semanas sem prisões; polícia não comenta caso

Ataque a pedras e bomba ao ônibus que levava a delegação do Fortaleza, no Recife, completa nesta quinta-feira duas semanas ainda sem respostas das autoridades pernambucanas

Sem prisões, sem respostas à sociedade ou às vítimas do atentado. É com esse cenário, similar ao de uma semana atrás, de silenciamento das autoridades sobre o caso, e, até aqui, de nenhuma resposta concreta ao incidente, que o ataque ao ônibus do Fortaleza completou, na madrugada desta quinta-feira, duas semanas.

O caso ocorreu no último dia 22 de fevereiro, às 2h21 (conforme aponta o Boletim de Ocorrência realizado pelo Fortaleza), após o jogo entre Sport e o Tricolor, na Arena de Pernambuco. Na ocasião, o ônibus com a delegação cearense foi atacado a oito quilômetros do estádio, quando sofreu uma emboscada, que deixou seis jogadores do Leão do Pici feridos.

Desde então, as investigações seguem em sigilo por parte da Polícia Civil de Pernambuco. Em silêncio, sem conceder entrevistas ou fornecer qualquer detalhe das investigações em curso, o órgão chefiado pela Secretaria de Defesa Social (SDS), conforme apurou o ge, já encerrou a etapa de ouvir testemunhas.

Mais de 15 pessoas foram ouvidas pelos investigadores da Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva. Neste momento, conforme ouvido pela nossa reportagem, a fase é de "confronto de relatos" e análise de imagens coletadas em câmeras de segurança.

Oficialmente, apesar dos pedidos do ge para entrevistar algum representante da SDS para comentar o caso, a polícia se pronunciou apenas em nota.

- O caso segue em investigação pela Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva. Todas as diligências necessárias para o esclarecimento do fato estão sendo realizadas, tais como tomada de depoimentos e perícias técnicas. As investigações seguirão até o esclarecimento completo dos fatos -garantiu a Polícia Civil de Pernambuco, em comunicado.

Vale ressaltar que, na semana passada, o secretário da SDS, Alessandro Carvalho, explicou que dar "o passo a passo das investigações" poderia comprometer o trabalho.

Nesta quarta-feira, o Fortaleza voltou a fazer uma cobrança pública nas redes sociais.

- Estamos há 14 dias sem nenhuma prisão pela tentativa de homicídio contra a delegação do Fortaleza. Até quando? - questionou o clube.

No dia 27 de fevereiro, um suspeito chegou a confessar a participação no atentado. O homem seria maior de idade, foi ouvido na segunda e liberado em seguida, pois não houve flagrante. A polícia confirmou o caso, mas não deu mais detalhes sobre o suspeito.

Em paralelo, Disque-denúncia, que oferece, desde a semana passada, R$ 1 mil para informações que resultem em prisões.

As pessoas podem fazer as denúncias, com anonimato, por meio do telefone (81) 3719-4545 e pelo WhatApp (81) 98256-4545.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB-PE), que no dia seguinte ao episódio garantiu que não mediria esforços para chegar aos autores do crime e puni-los, por sua vez, não teve mais nenhum envolvimento público direto com o caso.

Desde o incidente, o presidente do Sport, Yuri Romão, que tem se reunido com outras autoridades pelo país, solicitou um encontro com a governadora para tratar do tema "violência no futebol pernambucano". A reportagem procurou a assessoria do Governo do Estado para saber o motivo da reunião não ter acontecido, mas, apesar das reiteradas tentativas, não obteve resposta.

Enquanto as investigações avançam, as cerca de 80 a 100 pessoas que estiveram envolvidas no ataque ao ônibus do Fortaleza ainda seguem impunes.

Entenda o caso

Minutos após deixar o estádio após o empate com o Sport pela Copa do Nordeste, membros da delegação, diretoria e estafe do Fortaleza foram vítimas de bombas e pedras atiradas por torcedores do time pernambucano que estavam "vestidos de amarelo", conforme relatado pelo CEO do Leão do Pici, Marcelo Paz.

Seis atletas tricolores ficaram feridos, precisando de encaminhamento para hospital no Recife. Entre os casos mais graves estavam o do goleiro João Ricardo, que precisou de seis pontos na cabeça, e do lateral-esquerdo Escobar, com trauma cranioencefálico.

Demais envolvidos no atentado da organizada do Sport, o zagueiro Titi, o lateral-direito Emanuel Brítez, o volante Lucas Sasha e o lateral-esquerdo Dudu sofreram ferimentos mais leves.

Uma obra na BR-232, nas imediações do Atacadão dos Presentes, no bairro do Curado, teria sido "objeto de uso" para o ataque violento contra a delegação do Fortaleza.

G1