Cotidiano

19.02.2009

RESIGNAÇÃO

RESIGNAÇÃO
 
Poucas vezes pude observar tamanha calma e tranquilidade diante de uma situação dessas que passo a descrever. É hilário, para não dizer trágicômico.
Ele embarcou no ônibus que faz a linha Santa Helena-Curitiba e à tiracolo seu filhote de cinco anos aproximadamente. Um sorriso estampado no rosto e a felicidade de ver carro quase vazio. Estava eu e mais uns quatro ou cinco passageiros rumando para a capital.
 
-Tomara que não lote em Cascavel, hoje é terça-feira e dificilmente isso acontece, o pessoal viaja mais nas segundas! -  já se conformava o amigo. Deu zebra! Em Cascavel o ônibus ficou totalmente tomado, todas as passagens foram vendidas.
 
Nestas alturas dos acontecimentos eu já me encontrava no banco certo do número do meu bilhete, para evitar aquelas situações de pedidos de licença, -este lugar é meu!
 
Estava mais para o meio do ônibus, enquanto meu colega com a criança, se encontrava num dos derradeiros acentos, bem próximo do mictório. Saimos de Cascavel e num determinado momento voltei-me para trás e qual não foi minha surpresa com aquela cena que me fez rir e depois quase chorar de compaixão pelo amigo.
 
Além de ocupar o banco ao seu lado, a mulher tinha duas crianças e estava lá meu amigo esguio, com a sua no colo, outra no meio, a outra sobre o colo da mãe. Mas isso não foi o pior. A mulher do lado esqueceu do "dramim" e vomitou por algumas oportunidades.
 
Solícito, meu amigo se resignava em cuidar do dele e dos outros dois, enquanto a mulher se faxinava no mictório, que pelo menos era vizinho!

Elder Boff