Era uma simples e banal funcionária de uma empresa, que por desatenção e incapacidade, foi convidada a se retirar. Eis que, durante uma viagem com alguém próximo, falam sobre o assunto. Não foi dada muita atenção em vista da displicência, no vestir e no seu "pretenso" comportamento. Muito mais tarde ouviu-se a "boca pequena": o que acirrou sua dispensa, foi sua conduta. Mais quem são eles para ver, avaliar conduta, vão cuidar das suas, entretanto, fato foi consumado.

Surge então, um pedido de clemência para dar guarida a esse alguém, e foi lhe dado. No início, realmente foi assustador, pelos seus trajes, seu trejeito, sua antipatia aos que chegavam para obter uma informação nesta oficina. Não queria a Diretoria mandar embora já de cara, porque todos os doze (apóstolos) sabiam que o fim, o seu fim seria como doméstica.

O tempo passa e foi galgando confiança e foi mudando, não o seu comportamento extrafunção, este continuava com mais e maior intensidade, avançou com muito mais garra do que antes, seu salário melhorou, mas, suas virtudes funcionais foram aos poucos crescendo, foi da Diretoria adquirindo confiança de todos os doze diretores, possuía as senhas financeiras e até os segredos de muitos deles.

Não se tem notícia que tenha vazado em alguma oportunidade, até então, qualquer coisa neste ângulo, ou seja, de efetuar comentários a outrem dos negócios da empresa. Pois, no "andar das mulas é que as pedras das bruacas se ajeitam", é que se soube então, que alguma coisa existiu de vazamento, se compromete a empresa, não se sabe, só o tempo dirá.

Eis que de repente, e não mais que de repente, sumiu, ninguém sabe ninguém viu. Sumiu. Postura não existe em farmácia ou mercado, se adquire com o ensinamento de casa, da escola, dos amigos e na educação cultural, ou seja, muita leitura, cinema; internet, esta não ensina, esta deseduca. Achou melhor vamos respeitar, mas que dói, a deselegância, dói. E aí quando recebe os "não" da vida, começa a se acha uma infeliz, uma injustiçada. Veja o que fizeste, aí vai saber os desarranjos.

O tempo é o Senhor de tudo, ele é sábio, e entende como ninguém o que é injustiça. E uma das não-virtudes mais desgraçadas que existe neste mundo é a injustiça. Como se tornam pequenas as pessoas que querem se dar o direito de receber: primeiro, sem agradecer; segundo, não ser grato; terceiro, ainda ser desaforado com aquele que lhe estendeu a mão. Esta gente não sabe que sempre existirá o Juízo dos injustiçados. Querem um exemplo: quando este homem que lhe faz o bem, morre, e a pessoa sabe de sua morte, lembra-se: vai lhe vir à memória aquilo que recebeu e não lhe foi grato, começa a lhe corroer a consciência, começa a ver como é pequena, como foi miserável, como foi egoísta, como foi injusta. E, ainda mais se não for ao enterro. Será que este que passa para o outro lado, acreditando que a sua missão quase foi completa, terá pena ao vê-la ali, lhe perdoará mais uma vez? Tenho absoluta certeza que muito melhor este que recebeu ir ao enterro do que não ir, pois será mais uma injustiça não levar o seu adeus. Até porque ali ainda é o momento de chorar, verdadeiramente, e pedir, se acha que é seu dever pedir ou perdoar, pois a situação pode ser inversa. Não é verdade?